This site uses cookies.
Some of these cookies are essential to the operation of the site,
while others help to improve your experience by providing insights into how the site is being used.
For more information, please see the ProZ.com privacy policy.
This person has a SecurePRO™ card. Because this person is not a ProZ.com Plus subscriber, to view his or her SecurePRO™ card you must be a ProZ.com Business member or Plus subscriber.
Affiliations
This person is not affiliated with any business or Blue Board record at ProZ.com.
English to Portuguese: In the Beginning was the Command Line by Neal Stephenson General field: Tech/Engineering Detailed field: Computers (general)
Source text - English About twenty years ago Jobs and Wozniak, the founders of Apple, came up with the very strange idea of selling information processing machines for use in the home. The business took off, and its founders made a lot of money and received the credit they deserved for being daring visionaries. But around the same time, Bill Gates and Paul Allen came up with an idea even stranger and more fantastical: selling computer operating systems. This was much weirder than the idea of Jobs and Wozniak. A computer at least had some sort of physical reality to it. It came in a box, you could open it up and plug it in and watch lights blink. An operating system had no tangible incarnation at all. It arrived on a disk, of course, but the disk was, in effect, nothing more than the box that the OS came in. The product itself was a very long string of ones and zeroes that, when properly installed and coddled, gave you the ability to manipulate other very long strings of ones and zeroes. Even those few who actually understood what a computer operating system was were apt to think of it as a fantastically arcane engineering prodigy, like a breeder reactor or a U-2 spy plane, and not something that could ever be (in the parlance of high-tech) "productized."
Yet now the company that Gates and Allen founded is selling operating systems like Gillette sells razor blades. New releases of operating systems are launched as if they were Hollywood blockbusters, with celebrity endorsements, talk show appearances, and world tours. The market for them is vast enough that people worry about whether it has been monopolized by one company. Even the least technically-minded people in our society now have at least a hazy idea of what operating systems do; what is more, they have strong opinions about their relative merits. It is commonly understood, even by technically unsophisticated computer users, that if you have a piece of software that works on your Macintosh, and you move it over onto a Windows machine, it will not run. That this would, in fact, be a laughable and idiotic mistake, like nailing horseshoes to the tires of a Buick.
A person who went into a coma before Microsoft was founded, and woke up now, could pick up this morning's New York Times and understand everything in it--almost:
Item: the richest man in the world made his fortune from-what? Railways? Shipping? Oil? No, operating systems. Item: the Department of Justice is tackling Microsoft's supposed OS monopoly with legal tools that were invented to restrain the power of Nineteenth-Century robber barons. Item: a woman friend of mine recently told me that she'd broken off a (hitherto) stimulating exchange of e-mail with a young man. At first he had seemed like such an intelligent and interesting guy, she said, but then "he started going all PC-versus-Mac on me."
What the hell is going on here? And does the operating system business have a future, or only a past? Here is my view, which is entirely subjective; but since I have spent a fair amount of time not only using, but programming, Macintoshes, Windows machines, Linux boxes and the BeOS, perhaps it is not so ill-informed as to be completely worthless. This is a subjective essay, more review than research paper, and so it might seem unfair or biased compared to the technical reviews you can find in PC magazines. But ever since the Mac came out, our operating systems have been based on metaphors, and anything with metaphors in it is fair game as far as I'm concerned.
Translation - Portuguese Há cerca de vinte anos Jobs e Wozniak, os fundadores da Apple, tiveram a estranha ideia de vender máquinas de processamento da informação para uso doméstico. O negócio prosperou, e seus fundadores ganharam muito dinheiro e receberam o merecido crédito por serem ousados visionários. Mas, mais ou menos na mesma época, Bill Gates e Paul Allen tiveram uma ideia ainda mais estranha e mais fantástica: vender sistemas operacionais para computadores. Isso era muito mais esquisito que a ideia de Jobs e Wozniak. Um computador pelo menos era tangível, tinha uma realidade física. Ele vinha numa caixa, e você podia abri-la, ligá-lo na tomada e ver as luzinhas piscando. Um sistema operacional não tem nenhuma encarnação tangível. Ele chegava em um disco, é claro, mas o disco era, de fato, nada mais que a caixa na qual o SO veio. O produto em si era uma sequência muito grande de uns e zeros que, quando propriamente configurada e acariciada, lhe proporcionava a habilidade de manipular outras sequências muito grandes de uns e zeros. Mesmo aqueles poucos que realmente entendiam o que era um sistema operacional tinham a tendência de pensar nele como um prodígio de engenharia fantasticamente esotérico, como um reator nuclear regenerativo ou um avião espião U-2, e não como algo que pudesse algum dia ser (no jargão high-tech) “produtizado”.
E no entanto a companhia que Gates e Allen fundaram está vendendo sistemas operacionais do mesmo jeito que a Gillette vende lâminas de barbear. Novas versões dos sistemas operacionais são lançadas como se fossem mega produções de Hollywood, sendo recomendados por celebridades, com apresentações em talk-shows e turnês mundiais. Este mercado é enorme, no entanto as pessoas estão preocupadas se ele está ou não sendo monopolizado por uma única companhia Mesmo as pessoas com menos inclinação técnica em nossa sociedade tem pelo menos uma vaga ideia do que os sistemas operacionais fazem, e mais: eles tem opiniões exaltadas sobre seus méritos relativos. É de conhecimento comum, até mesmo dos usuários de computador tecnicamente menos sofisticados, que se você tem um certo software que funciona na sua máquina Macintosh e você movê-lo para uma máquina Windows ele não irá funcionar. E qie, de fato, este seria um erro idiota e risível, tipo pregar ferraduras nos pneus de um automóvel.
Uma pessoa que tivesse entrado em coma antes que a Microsoft fosse fundada, e acordasse hoje, poderia pegar a edição desta manhã do New York Times e entender tudo que está ali - ou quase.
Item: o homem mais rico do mundo fez a sua fortuna com que? Ferrovias? Companhias de navegação? Petróleo? Não, sistemas operacionais. Item: o Departamento de Justiça está lidando com o suposto monopólio da Microsoft usando ferramentas legais que foram inventadas para restringir o poder dos barões ladrões do século dezenove. Item: Uma amiga minha me disse recentemente que ela tinha rompido uma (até então) estimulante troca de e-mails com um rapaz. No começo ele parecia ser um cara inteligente e interessante, disse ela, mas aí “ele começou a ficar todo PC versus MAC comigo”.
Que diabos está acontecendo aqui? E o negócio de sistemas operacionais tem futuro, ou apenas um passado? Esta é a minha visão do assunto, que é inteiramente subjetiva, mas já que eu passei um bom tempo não apenas usando, mas programando Macintoshes, máquinas Windows, caixas Linux e o BeOS, talvez ela não seja tão mal informada a ponto de tornar-se inútil. Este é um ensaio subjetivo, mais uma revisão do que um trabalho de pesquisa, portanto pode parecer injusto ou enviesado quando comparado com as avaliações técnicas que você pode encontrar nas revistas especializadas em PC. Mas, desde que o Mac foi lançado, nossos sistemas operacionais estão baseados em metáforas, e qualquer coisa que contenha metáforas é um alvo válido, no que me diz respeito.
English to Portuguese: Aliens Cause Global Warming by Michael Crichton General field: Science Detailed field: Meteorology
Source text - English Aliens Cause Global Warming
Caltech Michelin Lecture – January 17, 2003
By Michael Crichton
My topic today sounds humorous but unfortunately I am serious. I am going to argue that extraterrestrials lie behind global warming. Or to speak more precisely, I will argue that a belief in extraterrestrials has paved the way, in a progression of steps, to a belief in global warming.
Charting this progression of belief will be my task today. Let me say at once that I have no desire to discourage anyone from believing in either extraterrestrials or global warming. That would be quite impossible to do.
Rather, I want to discuss the history of several widely-publicized beliefs and to point to what I consider an emerging crisis in the whole enterprise of science – namely the increasingly uneasy relationship between hard science and public policy.
I have a special interest in this because of my own upbringing. I was born in the midst of World War II, and passed my formative years at the height of the Cold War. In school drills, I dutifully crawled under my desk in preparation for a nuclear attack.
It was a time of widespread fear and uncertainty, but even as a child I believed that science represented the best and greatest hope for mankind. Even to a child, the contrast was clear between the world of politics – a world of hate and danger, of irrational beliefs and fears, of mass manipulation and disgraceful blots on human history. In contrast, science held different values – international in scope, forging friendships and working relationships across national boundaries and political systems, encouraging a dispassionate habit of thought, and ultimately leading to fresh knowledge and technology that would benefit all mankind.
The world might not be a very good place, but science would make it better. And it did. In my lifetime, science has largely fulfilled its promise. Science has been the great intellectual adventure of our age, and a great hope for our troubled and restless world. But I did not expect science merely to extend lifespan, feed the hungry, cure disease, and shrink the world with jets and cell phones.
I also expected science to banish the evils of human thought – prejudice and superstition, irrational beliefs and false fears. I expected science to be, in Carl Sagan’s memorable phrase, “a candle in a demon haunted world.” And here, I am not so pleased with the impact of science. Rather than serving as a cleansing force, science has in some instances been seduced by the more ancient lures of politics and publicity.
Some of the demons that haunt our world in recent years are invented by scientists. The world has not benefited from permitting these demons to escape free. But let’s look at how it came to pass.
Cast your minds back to 1960. John F. Kennedy is president, commercial jet airplanes are just appearing, the biggest university mainframes have 12K of memory. And in Green Bank, West Virginia at the new National Radio Astronomy Observatory, a young astrophysicist named Frank Drake runs a two-week project called Ozma, to search for extraterrestrial signals. A signal is received, to great excitement. It turns out to be false, but the excitement remains.
In 1960, Drake organizes the first SETI conference, and came up with the now-famous Drake equation:
N=N_*∙F_p∙N_e∙F_l∙F_i∙F_c∙F_L
Where N_* is the number of stars in the Milky Way galaxy; F_p is the fraction with planets; N_e is the number of planets per star capable of supporting life; F_l is the fraction of planets where life evolves; F_i is the fraction where intelligent life evolves; F_c is the fraction that communicates; and F_L is the fraction of the planet's life during which the communicating civilizations live.
This serious-looking equation gave SETI a serious footing as a legitimate intellectual inquiry. The problem, of course, is that none of the terms can be known, and most cannot even be estimated. The only way to work the equation is to fill in with guesses. And guesses – just so we’re clear – are merely expressions of prejudice.
Nor can there be “informed guesses.” If you need to state how many planets with life choose to communicate, there is simply no way to make an informed guess. It’s simply prejudice.
As a result, the Drake equation can have any value from “billions and billions” to zero. An expression that can mean anything means nothing. Speaking precisely, the Drake equation is literally meaningless, and has nothing to do with science. I take the hard view that science involves the creation of testable hypotheses. The Drake equation cannot be tested and therefore SETI is not science. SETI is unquestionably a religion.
Faith is defined as the firm belief in something for which there is no proof. The belief that the Koran is the word of God is a matter of faith. The belief that God created the universe in seven days is a matter of faith. The belief that there are other life forms in the universe is a matter of faith. There is not a single shred of evidence for any other life forms, and in forty years of searching, none has been discovered.There is absolutely no evidentiary reason to maintain this belief. SETI is a religion.
One way to chart the cooling of enthusiasm is to review popular works on the subject. In 1964, at the height of SETI enthusiasm, Walter Sullivan of the NY Times wrote an exciting book about life in the universe entitled WE ARE NOT ALONE. By 1995, when Paul Davis wrote a book on the same subject, he titled it ARE WE ALONE? (Since 1981, there have in fact been four books titled ARE WE ALONE?) More recently we have seen the rise of the so-called “Rare Earth” theory which suggests that we may, in fact, be all alone.
Again, there is no evidence either way.
Back in the sixties, SETI had its critics, although not among astrophysicists and astronomers. The biologists and paleontologists were harshest. George Gaylord Simpson of Harvard sneered that SETI was a “study without a subject,” and it remains so to the present day. But scientists in general have been indulgent toward SETI, viewing it either with bemused tolerance, or with indifference. After all, what’s the big deal? It’s kind of fun. If people want to look, let them. Only a curmudgeon would speak harshly of SETI. It wasn’t worth the bother.
And of course, it is true that untestable theories may have heuristic value. Of course, extraterrestrials are a good way to teach science to kids. But that does not relieve us of the obligation to see the Drake equation clearly for what it is – pure speculation in quasi-scientific trappings.
The fact that the Drake equation was not greeted with screams of outrage – similar to the screams of outrage that greet each Creationist new claim, for example – meant that now there was a crack in the door, a loosening of the definition of what constituted legitimate scientific procedure. And soon enough, pernicious garbage began to squeeze through the cracks.
Now let’s jump ahead a decade to the 1970s, and Nuclear Winter. In 1975, the National Academy of Sciences reported on “Long-Term Worldwide Effects of Multiple Nuclear Weapons Detonations” but the report estimated the effect of dust from nuclear blasts to be relatively minor.
In 1979, the Office of Technology Assessment issued a report on “The Effects of Nuclear War” and stated that nuclear war could perhaps produce irreversible adverse consequences on the environment. However, because the scientific processes involved were poorly understood, the report stated it was not possible to estimate the probable magnitude of such damage.
Three years later, in 1982, the Swedish Academy of Sciences commissioned a report entitled “The Atmosphere after a Nuclear War: Twilight at Noon,” which attempted to quantify the effect of smoke from burning forests and cities. The authors speculated that there would be so much smoke that a large cloud over the northern hemisphere would reduce incoming sunlight below the level required for photosynthesis, and that this would last for weeks or even longer.
The following year, five scientists including Richard Turco and Carl Sagan published a paper in Science called “Nuclear Winter: Global Consequences of Multiple Nuclear Explosions.” This was the so-called TTAPS report, which attempted to quantify more rigorously the atmospheric effects, with the added credibility to be gained from an actual computer model of climate.
At the heart of the TTAPS undertaking was another equation, never specifically expressed, but one that could be paraphrased as follows:
D_s=W_n∙W_s∙W_h∙T_f∙T_b∙P_t∙P_r∙P_e∙ ⋯etc.
The amount of tropospheric dust = # warheads x size warheads x warhead detonation height x flammability of targets x target burn duration x particles entering the troposphere x particle reflectivity x particle endurance, and so on.
The similarity to the Drake equation is striking. As with the Drake equation, none of the variables can be determined. None at all. The TTAPS study addressed this problem in part by mapping out different wartime scenarios and assigning numbers to some of the variables, but even so, the remaining variables were – and are – simply unknowable. Nobody knows how much smoke will be generated when cities burn, creating particles of what kind, and for how long. No one knows the effect of local weather conditions on the amount of particles that will be injected into the troposphere. No one knows how long the particles will remain in the troposphere. And so on.
And remember, this is only four years after the OTA study concluded that the underlying scientific processes were so poorly known that no estimates could be reliably made.
Nevertheless, the TTAPS study not only made those estimates, but concluded they were catastrophic. According to Sagan and his coworkers, even a limited 5,000 megaton nuclear exchange would cause a global temperature drop of more than 35 degrees Centigrade, and this change would last for three months.
The greatest volcanic eruptions that we know of changed world temperatures somewhere between .5 and 2 degrees Centigrade. Ice ages changed global temperatures by 10 degrees. Here we have an estimated change three times greater than any ice age.
One might expect it to be the subject of some dispute. But Sagan and his coworkers were prepared, for nuclear winter was from the outset the subject of a well-orchestrated media campaign. The first announcement of nuclear winter appeared in an article by Sagan in the Sunday supplement, Parade. The very next day, a highly-publicized, high-profile conference on the long-term consequences of nuclear war was held in Washington, chaired by Carl Sagan and Paul Ehrlich, the most famous and media-savvy scientists of their generation.
Sagan appeared on the Johnny Carson show 40 times. Ehrlich was on 25 times. Following the conference, there were press conferences, meetings with congressmen, and so on. The formal papers in Science came months later.
This is not the way science is done, it is the way products are sold. The real nature of the conference is indicated by these artists’ renderings of the effect of nuclear winter. (Not Shown)
I cannot help but quote the caption for figure 5: “Shown here is a tranquil scene in the north woods. A beaver has just completed its dam, two black bears forage for food, a swallow-tailed butterfly flutters in the foreground, a loon swims quietly by, and a kingfisher searches for a tasty fish.” Hard science if ever there was.
At the conference in Washington, during the question period, Ehrlich was reminded that after Hiroshima and Nagasaki, scientists were quoted as saying nothing would grow there for 75 years, but in fact melons were growing the next year. So, he was asked, how accurate were these findings now?
Ehrlich answered by saying “I think they are extremely robust. Scientists may have made statements like that, although I cannot imagine what their basis would have been, even with the state of science at that time, but scientists are always making absurd statements, individually, in various places. What we are doing here, however, is presenting a consensus of a very large group of scientists”
I want to pause here and talk about this notion of consensus, and the rise of what has been called consensus science. I regard consensus science as an extremely pernicious development that ought to be stopped cold in its tracks. Historically, the claim of consensus has been the first refuge of scoundrels; it is a way to avoid debate by claiming that the matter is already settled. Whenever you hear the consensus of scientists agrees on something or other, reach for your wallet, because you’re being had.
Let’s be clear: the work of science has nothing whatever to do with consensus. Consensus is the business of politics. Science, on the contrary, requires only one investigator who happens to be right, which means that he or she has results that are verifiable by reference to the real world.
In science consensus is irrelevant. What is relevant is reproducible results. The greatest scientists in history are great precisely because they broke with the consensus. There is no such thing as consensus science. If it’s consensus, it isn’t science. If it’s science, it isn’t consensus. Period.
In addition, let me remind you that the track record of the consensus is nothing to be proud of. Let’s review a few cases.
In past centuries, the greatest killer of women was fever following childbirth. One woman in six died of this fever.
In 1795, Alexander Gordon of Aberdeen suggested that the fevers were infectious processes, and he was able to cure them. The consensus said no.
In 1843, Oliver Wendell Holmes claimed puerperal fever was contagious, and presented compelling evidence. The consensus said no.
In 1849, Semmelweiss demonstrated that sanitary techniques virtually eliminated puerperal fever in hospitals under his management. The consensus said he was a Jew, ignored him, and dismissed him from his post. There was in fact no agreement on puerperal fever until the start of the twentieth century. Thus the consensus took one hundred and twenty five years to arrive at the right conclusion despite the efforts of the prominent “skeptics” around the world, skeptics who were demeaned and ignored. And despite the constant ongoing deaths of women.
There is no shortage of other examples. In the 1920s in America, tens of thousands of people, mostly poor, were dying of a disease called pellagra. The consensus of scientists said it was infectious, and what was necessary was to find the “pellagra germ.” The US government asked a brilliant young investigator, Dr. Joseph Goldberger, to find the cause. Goldberger concluded that diet was the crucial factor. The consensus remained wedded to the germ theory.
Goldberger demonstrated that he could induce the disease through diet. He demonstrated that the disease was not infectious by injecting the blood of a pellagra patient into himself, and his assistant. They and other volunteers swabbed their noses with swabs from pellagra patients, and swallowed capsules containing scabs from pellagra rashes in what were called “Goldberger’s filth parties.” Nobody contracted pellagra.
The consensus continued to disagree with him. There was, in addition, a social factor – southern States disliked the idea of poor diet as the cause, because it meant that social reform was required. They continued to deny it until the 1920s. Result: despite a twentieth century epidemic, the consensus took years to see the light.
Probably every schoolchild notices that South America and Africa seem to fit together rather snugly, and Alfred Wegener proposed, in 1912, that the continents had in fact drifted apart. The consensus sneered at continental drift for fifty years. The theory was most vigorously denied by the great names of geology – until 1961, when it began to seem as if the sea floors were spreading. The result: it took the consensus fifty years to acknowledge what any schoolchild sees.
And shall we go on? The examples can be multiplied endlessly. Jenner and smallpox, Pasteur and germ theory. Saccharine, margarine, repressed memory, fiber and colon cancer, hormone replacement therapy. The list of consensus errors goes on and on.
Finally, I would remind you to notice where the claim of consensus is invoked. Consensus is invoked only in situations where the science is not solid enough.
Nobody says the consensus of scientists agrees that E=mc^2. Nobody says the consensus is that the sun is 93 million miles away. It would never occur to anyone to speak that way.
But back to our main subject. What I have been suggesting to you is that nuclear winter was a meaningless formula, tricked out with bad science, for policy ends. It was political from the beginning, promoted in a well-orchestrated media campaign that had to be planned weeks or months in advance.
Further evidence of the political nature of the whole project can be found in the response to criticism. Although Richard Feynman was characteristically blunt, saying, “I really don’t think these guys know what they’re talking about,” other prominent scientists were noticeably reticent. Freeman Dyson was quoted as saying “It’s an absolutely atrocious piece of science but who wants to be accused of being in favor of nuclear war?” And Victor Weisskopf said, “The science is terrible but – perhaps the psychology is good.”
The nuclear winter team followed up the publication of such comments with letters to the editors denying that these statements were ever made, though the scientists since then have subsequently confirmed their views. At the time, there was a concerted desire on the part of lots of people to avoid nuclear war. If nuclear winter looked awful, why investigate too closely? Who wanted to disagree? Only people like Edward Teller, the “father of the H bomb.”
Teller said, “While it is generally recognized that details are still uncertain and deserve much more study, Dr. Sagan nevertheless has taken the position that the whole scenario is so robust that there can be little doubt about its main conclusions.”
Yet for most people, the fact that nuclear winter was a scenario riddled with uncertainties did not seem to be relevant. I say it is hugely relevant. Once you abandon strict adherence to what science tells us, once you start arranging the truth in a press conference, then anything is possible.
In one context, maybe you will get some mobilization against nuclear war. But in another context, you get Lysenkoism. In another, you get Nazi euthanasia. The danger is always there, if you subvert science to political ends.
That is why it is so important for the future of science that the line between what science can say with certainty, and what it cannot, be drawn clearly – and defended.
What happened to Nuclear Winter? As the media glare faded, its robust scenario appeared less persuasive; John Maddox, editor of Nature, repeatedly criticized its claims; within a year, Stephen Schneider, one of the leading figures in the climate model, began to speak of “nuclear autumn.” It just didn’t have the same ring.
A final media embarrassment came in 1991, when Carl Sagan predicted on Nightline that Kuwaiti oil fires would produce a nuclear winter effect, causing a “year without a summer,” and endangering crops around the world. Sagan stressed this outcome was so likely that “it should affect the war plans.” None of it happened.
What, then, can we say were the lessons of Nuclear Winter? I believe the lesson was that with a catchy name, a strong policy position and an aggressive media campaign, nobody will dare to criticize the science, and in short order, a terminally weak thesis will be established as fact.
After that, any criticism becomes beside the point. The war is already over without a shot being fired. That was the lesson, and we had a textbook application soon afterward, with second hand smoke.
In 1993, the EPA announced that second-hand smoke was “responsible for approximately 3,000 lung cancer deaths each year in nonsmoking adults,” and that it “impairs the respiratory health of hundreds of thousands of people.” In a 1994 pamphlet the EPA said that the eleven studies it based its decision on were not by themselves conclusive, and that they collectively assigned second-hand smoke a risk factor of 1.19. (For reference, a risk factor below 3.0 is too small for action by the EPA or for publication in the New England Journal of Medicine, for example.)
Furthermore, since there was no statistical association at the 95% confidence limits, the EPA lowered the limit to 90%. They then classified second-hand smoke as a Group-A Carcinogen.
This was openly fraudulent science, but it formed the basis for bans on smoking in restaurants, offices, and airports. California banned public smoking in 1995. Soon, no claim was too extreme. By 1998, the Christian Science Monitor was saying that “Second-hand smoke is the nation’s third-leading preventable cause of death.” The American Cancer Society announced that 53,000 people died each year of second-hand smoke. The evidence for this claim is nonexistent.
In 1998, a Federal judge held that the EPA had acted improperly, had “committed to a conclusion before research had begun”, and had “disregarded information and made findings on selective information.”
The reaction of Carol Browner, head of the EPA was: “We stand by our science; there’s wide agreement. The American people certainly recognize that exposure to second-hand smoke brings a whole host of health problems.”
Again, note how the claim of consensus trumps science. In this case, it isn’t even a consensus of scientists that Browner evokes! It’s the consensus of the American people.
Meanwhile, ever-larger studies failed to confirm any association. A large, seven-country WHO study in 1998 found no association. Nor have well-controlled subsequent studies, to my knowledge. Yet we now read, for example, that second-hand smoke is a cause of breast cancer. At this point you can say pretty much anything you want about second-hand smoke.
As with nuclear winter, bad science is used to promote what most people would consider good policy. I certainly think it is. I don’t want people smoking around me. So who will speak out against banning second-hand smoke? Nobody, and if you do, you’ll be branded a shill of RJ Reynolds. A big tobacco flunky. But the truth is that we now have a social policy supported by the grossest of superstitions.
And we’ve given the EPA a bad lesson in how to behave in the future. We’ve told them that cheating is the way to succeed.
As the twentieth century drew to a close, the connection between hard scientific fact and public policy became increasingly elastic. In part this was possible because of the complacency of the scientific profession; in part because of the lack of good science education among the public; in part, because of the rise of specialized advocacy groups which have been enormously effective in getting publicity and shaping policy; and in great part because of the decline of the media as an independent assessor of fact.
The deterioration of the American media is dire loss for our country. When distinguished institutions like the New York Times can no longer differentiate between factual content and editorial opinion, but rather mix both freely on their front page, then who will hold anyone to a higher standard?
And so, in this elastic anything-goes world where science – or non-science – is the hand maiden of questionable public policy, we arrive at last at global warming. It is not my purpose here to rehash the details of this most magnificent of the demons haunting the world. I would just remind you of the now-familiar pattern by which these things are established.
Evidentiary uncertainties are glossed over in the unseemly rush for an overarching policy, and for grants to support the policy by delivering findings that are desired by the patron.
Next, the isolation of those scientists who won’t get with the program, and the characterization of those scientists as outsiders and “skeptics” in quotation marks – suspect individuals with suspect motives, industry flunkies, reactionaries, or simply anti-environmental nut-cases.
In short order, debate ends, even though prominent scientists are uncomfortable about how things are being done. When did “skeptic” become a dirty word in science? When did a skeptic require quotation marks around it?
To an outsider, the most significant innovation in the global warming controversy is the overt reliance that is being placed on models. Back in the days of nuclear winter, computer models were invoked to add weight to a conclusion: “These results are derived with the help of a computer model.”
But now, large-scale computer models are seen as generating data in themselves. No longer are models judged by how well they reproduce data from the real world – increasingly, models provide the data.
As if they were themselves a reality. And indeed they are, when we are projecting forward. There can be no observational data about the year 2100. There are only model runs. This fascination with computer models is something I understand very well.
Richard Feynmann called it a disease. I fear he is right. Because only if you spend a lot of time looking at a computer screen can you arrive at the complex point where the global warming debate now stands. Nobody believes a weather prediction twelve hours ahead. Now we’re asked to believe a prediction that goes out 100 years into the future?
And make financial investments based on that prediction? Has everybody lost their minds?
Stepping back, I have to say the arrogance of the model-makers is breathtaking. There have been, in every century, scientists who say they know it all. Since climate may be a chaotic system – no one is sure – these predictions are inherently doubtful, to be polite. But more to the point, even if the models get the science spot-on, they can never get the sociology. To predict anything about the world a hundred years from now is simply absurd.
Look: If I was selling stock in a company that I told you would be profitable in 2100, would you buy it? Or would you think the idea was so crazy that it must be a scam?
Let’s think back to people in 1900 in, say, New York. If they worried about people in 2000, what would they worry about? Probably: Where would people get enough horses? And what would they do about all the horse ****?
Horse pollution was bad in 1900, think how much worse it would be a century later, with so many more people riding horses? But of course, within a few years, nobody rode horses except for sport.
And in 2000, France was getting 80% its power from an energy source that was unknown in 1900. Germany, Switzerland, Belgium and Japan were getting more than 30% from this source, unknown in 1900. Remember, people in 1900 didn’t know what an atom was.
They didn’t know its structure. They also didn’t know what a radio was, or an airport, or a movie, or a television, or a computer, or a cell phone, or a jet, an antibiotic, a rocket, a satellite, an MRI, ICU, IUD, IBM, IRA, ERA, EEG, EPA, IRS, DOD, PCP, HTML, internet, interferon, instant replay, remote sensing, remote control, speed dialing, gene therapy, gene splicing, genes, spot welding, heat-seeking, bipolar, prozac, leotards, lap dancing, email, tape recorder, CDs, airbags, plastic explosive, plastic, robots, cars, liposuction, transduction, superconduction, dish antennas, step aerobics, smoothies, twelve-step, ultrasound, nylon, rayon, teflon, fiber optics, carpal tunnel, laser surgery, laparoscopy, corneal transplant, kidney transplant, AIDS. None of this would have meant anything to a person in the year 1900. They wouldn’t know what you are talking about.
Now. You tell me you can predict the world of 2100. Tell me it’s even worth thinking about. Our models just carry the present into the future. They’re bound to be wrong. Everybody who gives a moment’s thought knows it.
I remind you that in the lifetime of most scientists now living, we have already had an example of dire predictions set aside by new technology. I refer to the green revolution. In 1960, Paul Ehrlich said, “The battle to feed humanity is over. In the 1970s the world will undergo famines – hundreds of millions of people are going to starve to death.”
Ten years later, he predicted four billion people would die during the 1980s, including 65 million Americans. The mass starvation that was predicted never occurred, and it now seems it isn’t ever going to happen. Nor is the population explosion going to reach the numbers predicted even ten years ago.
In 1990, climate modelers anticipated a world population of 11 billion by 2100. Today, some people think the correct number will be 7 billion and falling. But nobody knows for sure. But it is impossible to ignore how closely the history of global warming fits on the previous template for nuclear winter.
Just as the earliest studies of nuclear winter stated that the uncertainties were so great that probabilities could never be known, so, too the first pronouncements on global warming argued strong limits on what could be determined with certainty about climate change.
The 1995 IPCC draft report said, “Any claims of positive detection of significant climate change are likely to remain controversial until uncertainties in the total natural variability of the climate system are reduced.” It also said, “No study to date has positively attributed all or part of observed climate changes to anthropogenic causes.”
Those statements were removed, and in their place appeared: “The balance of evidence suggests a discernable human influence on climate.” What is clear, however, is that on this issue, science and policy have become inextricably mixed to the point where it will be difficult, if not impossible, to separate them out. It is possible for an outside observer to ask serious questions about the conduct of investigations into global warming, such as whether we are taking appropriate steps to improve the quality of our observational data records, whether we are systematically obtaining the information that will clarify existing uncertainties, whether we have any organized disinterested mechanism to direct research in this contentious area.
The answer to all these questions is no. We don’t. In trying to think about how these questions can be resolved, it occurs to me that in the progression from SETI to nuclear winter to second-hand smoke to global warming, we have one clear message, and that is that we can expect more and more problems of public policy dealing with technical issues in the future – problems of ever greater seriousness, where people care passionately on all sides.
And at the moment we have no mechanism to get good answers. So I will propose one. Just as we have established a tradition of double-blinded research to determine drug efficacy, we must institute double-blinded research in other policy areas as well. Certainly the increased use of computer models, such as GCMs, cries out for the separation of those who make the models from those who verify them.
The fact is that the present structure of science is entrepreneurial, with individual investigative teams vying for funding from organizations that all too often have a clear stake in the outcome of the research – or appear to, which may be just as bad. This is not healthy for science.
Sooner or later, we must form an independent research institute in this country. It must be funded by industry, by government, and by private philanthropy, both individuals and trusts. The money must be pooled, so that investigators do not know who is paying them. The institute must fund more than one team to do research in a particular area, and the verification of results will be a foregone requirement: teams will know their results will be checked by other groups.
In many cases, those who decide how to gather the data will not gather it, and those who gather the data will not analyze it. If we were to address the land temperature records with such rigor, we would be well on our way to an understanding of exactly how much faith we can place in global warming, and therefore with what seriousness we must address this.
I believe that as we come to the end of this litany, some of you may be saying, well what is the big deal, really. So we made a few mistakes. So a few scientists have overstated their cases and have egg on their faces. So what?
Well, I’ll tell you.
In recent years, much has been said about the post-modernist claims about science to the effect that science is just another form of raw power, tricked out in special claims for truth-seeking and objectivity that really have no basis in fact. Science, we are told, is no better than any other undertaking. These ideas anger many scientists, and they anger me. But recent events have made me wonder if they are correct.
We can take as an example the scientific reception accorded a Danish statistician, Bjorn Lomborg, who wrote a book called The Skeptical Environmentalist.
The scientific community responded in a way that can only be described as disgraceful. In professional literature, it was complained he had no standing because he was not an earth scientist. His publisher, Cambridge University Press, was attacked with cries that the editor should be fired, and that all right-thinking scientists should shun the press. The past president of the AAAS wondered aloud how Cambridge could have ever “published a book that so clearly could never have passed peer review.” (But of course, the manuscript did pass peer review by three earth scientists on both sides of the Atlantic, and all recommended publication.)
But what are scientists doing attacking a press? Is this the new McCarthyism – coming from scientists? Worst of all was the behavior of the Scientific American, which seemed intent on proving the post-modernist point that it was all about power, not facts.
The Scientific American attacked Lomborg for eleven pages, yet only came up with nine factual errors despite their assertion that the book was “rife with careless mistakes.”
It was a poor display, featuring vicious ad hominem attacks, including comparing him to a Holocaust denier. The issue was captioned: “Science defends itself against the Skeptical Environmentalist.”
Really. Science has to defend itself? Is this what we have come to? When Lomborg asked for space to rebut his critics, he was given only a page and a half. When he said it wasn’t enough, he put the critics’ essays on his web page and answered them in detail.
Scientific American threatened copyright infringement and made him take the pages down. Further attacks since, have made it clear what is going on. Lomborg is charged with heresy. That’s why none of his critics needs to substantiate their attacks in any detail. That’s why the facts don’t matter.
That’s why they can attack him in the most vicious personal terms. He’s a heretic. Of course, any scientist can be charged as Galileo was charged. I just never thought I’d see the Scientific American in the role of Mother Church.
Is this what science has become? I hope not. But it is what it will become, unless there is a concerted effort by leading scientists to aggressively separate science from policy.
The late Philip Handler, former president of the National Academy of Sciences, said that “Scientists best serve public policy by living within the ethics of science, not those of politics. If the scientific community will not unfrock the charlatans, the public will not discern the difference – science and the nation will suffer.”
Personally, I don’t worry about the nation. But I do worry about science.
Translation - Portuguese Extraterrestres São a Causa do Aquecimento Global
Palestra Michelin, CalTech – 17 de janeiro de 2003
Michael Crichton
Meu tema de hoje parece engraçado, mas, infelizmente, estou falando sério. Vou defender a seguinte tese: os extraterrestres estão por trás do aquecimento global. Ou, para ser mais preciso, vou provar que a crença na existência de seres extraterrestres abriu caminho, em uma série de etapas, para a crença no aquecimento global.
Explicar esta progressão de ideias é a minha tarefa hoje. Deixem-me adiantar que não pretendo desencorajar ninguém a acreditar em extraterrestres ou no aquecimento global. Isto seria praticamente impossível de conseguir.
Em vez disso quero discutir a história de várias crenças amplamente conhecidas e apontar para o que considero ser uma crise com potencial de afetar todas as atividades científicas: o crescente desconforto no relacionamento entre a verdadeira ciência e as políticas públicas.
Tenho especial interesse neste tema por causa da minha história de vida. Eu nasci no meio da segunda guerra mundial, e passei meus anos de escola durante o auge da guerra fria. Nos exercícios de preparação para uma possível guerra eu, diligentemente, rastejava para baixo da minha carteira para proteger-me de um possível ataque nuclear.
Era um tempo de medo e incerteza disseminados, mas mesmo ainda criança eu acreditava que a ciência representava a maior e melhor esperança da humanidade. Mesmo para uma criança havia um claro contraste entre o mundo da política – um mundo de ódio e perigo, de crenças irracionais e medos, de manipulação das massas e indeléveis manchas na história humana – e o mundo da ciência. A ciência, em oposição, prezava valores muito diferentes. Com alcance internacional, forjando amizades e relacionamentos profissionais através das fronteiras nacionais e dos sistemas políticos, encorajando hábitos de pensamento desapaixonados e levando, ao final, a novos conhecimentos e tecnologias que beneficiariam toda a humanidade.
O mundo podia não ser muito bom, mas a ciência o faria melhor. E fez. No meu tempo de vida a ciência cumpriu amplamente a sua promessa. A ciência tem sido a grande aventura intelectual de nossa era, e uma grande esperança para o nosso mundo problemático e inquieto. Mas eu não esperava que a ciência simplesmente nos proporcionasse longevidade, alimentasse os famintos, curasse as doenças e reduzisse as distâncias com os aviões a jato e os telefones celulares.
Eu também esperava que a ciência banisse os males do pensamento humano: preconceito e superstições, crenças irracionais e falsos medos. Eu esperava que a ciência fosse, como na frase memorável de Carl Sagan, “uma luz em um mundo assolado por demônios”. E nisto eu não fico satisfeito com o resultado obtido pela ciência. Em vez de ser uma força purificadora, em alguns casos a ciência se deixou seduzir pelos apelos ancestrais da política e da publicidade.
Alguns dos demônios que vem assolando o mundo nos anos recentes foram inventados por cientistas. E o mundo não se beneficiou ao permitir que estes demônios ficassem em liberdade. Vejamos como isto aconteceu.
Voltemos a 1960. John F. Kennedy era o presidente, aviões comerciais movidos a jato tinham acabado de aparecer, os maiores mainframes das universidades tinham 12K de memória, e em Green Bank, na Virgínia ocidental, no novo Observatório Nacional de Rádio Astronomia, um jovem astrofísico chamado Frank Drake trabalhava em um projeto de duas semanas de duração chamado Ozma, para procurar por sinais de inteligência extraterrestre. Um sinal foi detectado, gerando grande excitação. Era um alarme falso, mas a excitação permaneceu.
Ainda em 1960 Drake organizou o primeiro congresso SETI , onde ele apresentou a agora famosa equação Drake:
N=N_s×F_p×N_e×F_l×F_i×F_c×F_v
Onde:
N_s é o número de estrelas na Via Láctea;
F_p é a fração do número de estrelas com planetas;
N_e é o número médio de planetas por estrela capazes de suportar vida;
F_l é a fração do número de planetas onde a vida evoluiu;
F_i é a fração do número de planetas onde vida inteligente se desenvolveu;
F_c é a fração destas inteligências que desenvolveu meios de comunicação; e
F_v é a fração do período de vida do planeta durante o qual vive a civilização que se comunica.
Esta equação de aparência séria deu respaldo à noção que o SETI era um empreendimento intelectual legítimo. O problema, claro, é que nenhum dos seus termos pode ser determinado, e muitos não podem sequer ser estimados. A única maneira de usar a equação é fazer suposições. E suposições – sejamos bem claros – são meras expressões de preconceito.
Não existem “suposições bem embasadas”. Se você precisa dizer quantos planetas contém civilizações que decidem se comunicar, simplesmente não existe maneira de fazer uma suposição com base. É puro preconceito.
Como resultado, a equação Drake pode assumir qualquer valor, desde “bilhões e bilhões” até zero. E uma expressão que pode significar qualquer coisa não significa nada. Falando claramente: a equação Drake é literalmente sem sentido, e não tem nada a ver com ciência. Eu adoto o ponto de vista objetivo que ciência envolve a criação de hipóteses verificáveis. A equação Drake não pode ser verificada, portanto o SETI não é ciência. O SETI é, inquestionavelmente, uma religião.
Fé é definida como a firme crença em algo para o qual não existe prova. A crença que o Corão é a palavra de Deus é matéria de fé. A crença que Deus criou o universo em sete dias é matéria de fé. A crença que existem outras formas de vida no universo é matéria de fé. Não existe nenhum fragmento de prova da existência de quaisquer outras formas de vida além da nossa, e em quarenta anos de busca nenhuma foi encontrada. Não existe absolutamente nenhuma evidência para suportar esta crença. O SETI é uma religião.
Uma forma de mostrar como o entusiasmo por esta ideia foi arrefecendo é procurar por publicações de cunho popular sobre este assunto. Em 1964, no auge do entusiasmo a respeito do SETI, Walter Sullivan, do New York Times, escreveu um livro apaixonado sobre a possibilidade de vida no universo, intitulado Não Estamos Sós. Em 1995, quando Paul Davis escreveu um livro sobre o mesmo assunto, ele o intitulou Estamos Sós? Na verdade, desde 1981 foram publicados quatro livros intitulados Estamos Sós? Mais recentemente surgiu a assim chamada teoria da terra rara, que sugere que nós podemos, de fato, estar sozinhos.
E, ainda assim, neste assunto não existe prova conclusiva em nenhuma direção.
Voltando aos anos sessenta. O SETI tinha críticos, embora não entre os astrofísicos e astrônomos. Os biólogos e paleontologistas eram os mais enfáticos. George Gaylord Simpson, de Harvard, comentou sarcasticamente que o SETI era um “estudo sem um objeto”, e mantém esta opinião até hoje. Mas os cientistas, em geral, tem sido indulgentes com relação ao SETI, vendo-o ora com divertida tolerância, ora com indiferença. Afinal, que mal há nisso? É até meio divertido. Se eles querem procurar, que procurem! Alguém tinha que ser muito ranzinza para falar mal do SETI. Não valia o incômodo.
E é claro que teorias não testáveis podem ter valor heurístico. É claro que extraterrestres são um bom pretexto para ensinar ciência às crianças. Mas isto não nos livra da obrigação de enxergar a equação Drake pelo que ela realmente é: pura especulação em um disfarce quase científico.
O fato da equação Drake não ter sido recebida com gritos de indignação, similares aos que saúdam cada nova alegação criacionista, por exemplo, significa que agora há uma brecha na porta, um afrouxamento na definição do que constitui procedimento científico legítimo. E rapidamente lixo pernicioso começou a infiltrar-se pelas frestas.
Vamos agora pular uma década adiante, para os anos 70 e o inverno nuclear. Em 1975 a Academia Nacional de Ciências publicou o relatório Efeitos Mundiais a Longo Prazo de Múltiplas Detonações Nucleares, que estimou que o efeito da poeira levantada pelas explosões nucleares era relativamente menor.
Em 1979 o Technology Assessment Office emitiu o relatório Os Efeitos da Guerra Nuclear, que afirmava que uma guerra nuclear poderia, talvez, causar consequências adversas irreversíveis ao meio ambiente. Entretanto, como os processos científicos envolvidos não eram bem compreendidos, o relatório declarou que não era possível estimar a magnitude provável destes danos.
Três anos depois, em 1982, a Academia Sueca de Ciências publicou um relatório intitulado A Atmosfera Após a Guerra Nuclear: Crepúsculo ao Meio-Dia, que tentava quantificar o efeito da fumaça emitida por florestas e cidades incendiadas. Os autores especularam que haveria tanta fumaça que seria formada uma nuvem sobre o hemisfério norte, reduzindo a incidência de luz solar na superfície a níveis inferiores aos requeridos para a ocorrência de fotossíntese, e que isto duraria por semanas, ou talvez mais tempo ainda.
No ano seguinte cinco cientistas, incluindo Richard Turco e Carl Sagan, publicaram um artigo na revista Science chamado Inverno Nuclear: Consequências Globais de Múltiplas Explosões Nucleares. Ele ficou conhecido como o relatório TTAPS , que tentou quantificar os efeitos atmosféricos de modo mais rigoroso, angariando credibilidade adicional por utilizar um modelo climático gerado por computador.
No coração do trabalho realizado no TTAPS estava outra equação, nunca expressa formalmente, mas que pode ser parafraseada da seguinte forma:
D=W_n×W_s×W_h×T_f×T_b×P_t×P_r×P_e×⋯
A quantidade D de poeira troposférica é igual ao produto da multiplicação:
Do número W_n de ogivas detonadas;
Da potência média W_s de cada ogiva detonada;
Da altura média W_h de ocorrência das detonações;
Da potencial inflamável T_f dos alvos;
Do tempo médio T_b de queima dos alvos;
Da fração P_t das partículas que chegam à troposfera;
Da refletividade média P_r das partículas;
Da persistência média P_e das partículas em suspensão;
E assim por diante...
A semelhança com a equação Drake é impressionante. E, assim como na equação Drake, nenhuma das variáveis pode ser determinada. Nem ao menos uma. O estudo TTAPS atacou este problema, em parte, estabelecendo diversos cenários de guerra, atribuindo valores diferentes a algumas variáveis para cada um deles. Mas, ainda assim, as variáveis remanescentes eram – e ainda são – simplesmente impossíveis de determinar. Ninguém sabe quanta fumaça será gerada pela queima das cidades, criando partículas de quais tipos e por quanto tempo. Ninguém sabe como as condições climáticas locais afetam a quantidade de partículas que conseguem chegar à troposfera. Ninguém sabe por quanto tempo estas partículas permanecerão em suspensão. Podemos prosseguir indefinidamente.
E, lembrem-se, isto foi apenas quatro anos depois que o estudo do OTA ter concluído que os processos científicos subjacentes eram tão mal compreendidos que estimativas confiáveis não poderiam ser feitas.
Não obstante, o estudo TTAPS não apenas fez estas estimativas, mas também concluiu que elas eram catastróficas. De acordo com Sagan e seus colaboradores, mesmo uma guerra nuclear limitada, com explosões somando 5.000 megatons, causaria uma queda da temperatura média global maior que 35 graus centígrados, e isto duraria por três meses.
As maiores erupções vulcânicas conhecidas mudaram a temperatura média global entre 0,5 e 2 graus centígrados. As eras glaciais mudaram a temperatura média global em 10 graus. E agora temos uma mudança estimada que é três vezes maior que a de uma era glacial.
Era esperado que isto fosse objeto de muita discussão, Mas Sagan e seus colaboradores estavam preparados, porque, desde o início, o inverno nuclear foi objeto de uma bem orquestrada campanha publicitária. O primeiro anúncio do inverno nuclear apareceu em um artigo de Sagan em um suplemento dominical chamado Parade. No dia seguinte ocorreu em Washington, com ampla cobertura da imprensa, uma conferência de alto nível sobre as consequências de longo prazo da guerra nuclear, presidida por Carl Sagan e Paul Ehrlich, os cientistas mais famosos e midiáticos da sua geração.
Sagan apareceu no show de Johnny Carson 40 vezes. Ehrlich esteve lá 25 vezes. Após a conferência houveram entrevistas coletivas, encontros com congressistas, e assim por diante. Os artigos formais na revista Science só apareceram meses depois.
Esta não é a maneira que a ciência é feita. Esse é o modo que produtos são vendidos. A real natureza da conferência é indicada pelas ilustrações artísticas sobre os efeitos do inverno nuclear (não mostrados).
Não consigo resistir ao comentário da figura 5: “aqui é mostrada uma cena tranquila das florestas boreais. Um castor acabou de completar a sua barragem, dois ursos negros procuram por comida, uma borboleta esvoaça em primeiro plano, ao lado temos uma mobelha nadando tranquilamente, e um martim-pescador procura por um saboroso peixe”. Pura ciência, da melhor espécie.
Durante a fase de perguntas e respostas da conferência de Washington lembraram a Ehrlich que, depois de Hiroshima e Nagasaki, cientistas declararam que nada poderia viver lá durante 75 anos, mas já no ano seguinte houve produção de melões. Então, perguntaram, qual a precisão destes resultados de agora?
Ehrlich respondeu da seguinte forma: “Eu acho que são extremamente sólidas. Cientistas podem ter dado declarações como essas, embora eu não saiba com que base, considerando o conhecimento científico da época. Mas os cientistas estão sempre dando declarações individuais absurdas aqui e acolá. O que nós estamos fazendo aqui, entretanto, é apresentar o consenso de um grande grupo de cientistas”.
Quero fazer uma pausa aqui e falar sobre esta noção de consenso, e a aparição da assim chamada ciência de consenso. Eu considero a ciência de consenso um desdobramento extremamente pernicioso, e que deve ser impedido de prosseguir. Historicamente as alegações de consenso sempre foram o refúgio dos desonestos. É uma maneira de evitar o debate pela alegação que o assunto já está resolvido. Sempre que você ouvir que o consenso dos cientistas concorda com isto ou aquilo, segure sua carteira, porque estão lhe roubando.
Sejamos claros: o trabalho da ciência não tem nada a ver com consensos. Construção de consensos é o negócio da política. A ciência, ao contrário, precisa apenas de um(a) pesquisador(a) que esteja certo, o que significa que os seus resultados são verificáveis e servem de referência para o mundo real.
Para a ciência o consenso é irrelevante. O que é relevante são resultados reproduzíveis. Os grandes cientistas da história são grandes justamente porque eles divergiram dos consensos estabelecidos. Não existe isso de ciência de consenso. Se é consenso, então não é ciência, e se é ciência então não é consenso, e ponto final.
Adicionalmente quero recordar a vocês que o desempenho das opiniões de consenso não é motivo para orgulho. Vamos revisar alguns casos.
Nos séculos passados a grande matadora de mulheres era a febre puerperal, que se seguia ao nascimento das crianças. Uma em cada seis mulheres morriam desta febre.
Em 1795 Alexander Gordon, de Aberdeen, Escócia, sugeriu que a febre puerperal era um processo infeccioso, e que ele era capaz de curá-lo. O consenso disse não.
Em 1843 Oliver Wendell Holmes propôs que a febre puerperal era contagiosa, e apresentou evidências contundentes disso. O consenso disse não.
Em 1849 Semmelweiss demonstrou que medidas sanitárias virtualmente eliminaram a ocorrência de febre puerperal nos hospitais sob sua administração. O consenso disse que ele era um judeu, ignorou-o e demitiu-o do seu posto.
Na verdade não houve acordo com relação à febre puerperal até o início do século vinte, portanto o consenso estabelecido levou cento e vinte e cinco anos para chegar à conclusão certa, apesar dos esforços de eminentes “céticos” ao redor do mundo, que foram menosprezados e ignorados. E isso apesar da contínua série de mortes de mulheres.
Não há escassez de outros exemplos. Nos anos 1920 na América dezenas de milhares de pessoas, a maioria pobre, morriam de uma doença chamada pelagra. O consenso dos cientistas dizia que era uma doença infecciosa, e que era necessário encontrar o “germe da pelagra”. O governo dos Estados Unidos encarregou um jovem e brilhante pesquisador, o doutor Joseph Goldberger, para encontrar a causa da doença. Ele concluiu que o fator decisivo era a dieta dos pacientes. O consenso permaneceu agarrado à teoria do germe.
Goldberger demonstrou que ele era capaz de induzir a doença através da dieta. Ele demonstrou que a doença não era infecciosa injetando o sangue de um paciente de pelagra em si mesmo e no seu assistente. Ele, e outros voluntários, esfregaram em seus narizes chumaços de algodão que haviam sido esfregados na pele de pessoas com pelagra, e engoliram cápsulas contendo raspas da descamação da pele causada pela pelagra, em apresentações que ficaram conhecidas como as “festas nojentas do Goldberger”. Ninguém contraiu pelagra desta forma.
O consenso continuou discordando dele. Ainda por cima existia um fator social: os estados do sul não gostavam da ideia que uma dieta pobre fosse a causa da doença, porque isso significaria a necessidade de reformas sociais. Eles continuaram negando os fatos até o final dos anos 1920. Resultado: apesar de uma epidemia em pleno século XX, o consenso demorou anos para enxergar a luz.
Qualquer aluno do ensino fundamental provavelmente já notou que a América do Sul e a África parecem encaixar-se como peças de um quebra-cabeças, e Alfred Wegener propôs, em 1912, que os continentes de fato se afastavam. O consenso esnobou a teoria da deriva continental por cinquenta anos. A teoria foi refutada vigorosamente por muitos grandes nomes da geologia até 1961, quando apareceram evidências que havia formação de solo novo no fundo dos oceanos. Resultado: o consenso levou cinquenta anos para reconhecer o que qualquer estudante consegue ver.
Ainda preciso continuar? Os exemplos se multiplicam indefinidamente. Jenner e a varíola, Pasteur e a teoria dos micróbios, Sacarina, margarina, memórias reprimidas, fibras e câncer de cólon, terapia de reposição hormonal. A lista dos erros do consenso segue sem fim.
Finalmente quero que vocês prestem atenção para as situações onde o consenso é invocado. Isto só acontece naqueles casos onde a ciência não é sólida o suficiente.
Ninguém alega que existe um consenso entre os cientistas de que E=mc^2. Ninguém diz que é consenso que o Sol esteja a 93 milhões de milhas de nós. Nunca ocorreria a ninguém usar este tipo de argumento.
Mas vamos voltar ao assunto. O que eu estou sugerindo a vocês é que o inverno nuclear é uma fórmula sem sentido, má ciência que foi passada adiante para fins políticos. Tudo era político desde o início, apoiado por uma bem azeitada campanha promocional que foi planejada com semanas ou meses de antecedência.
Evidência adicional da natureza política de todo o projeto pode ser encontrada nas respostas dadas aos críticos. Embora Richard Feynman tenha sido direto e seco, como era sua característica, ao dizer “eu não creio que esses caras realmente saibam do que estão falando”, outros cientistas de renome foram notavelmente reticentes. Freeman Dyson declarou que “é um trabalho científico absolutamente atroz, mas quem quer ser acusado de estar a favor da guerra nuclear?” E Victor Weisskopf disse que “a ciência é terrível, mas talvez seja boa psicologia”.
O time do inverno nuclear respondeu à publicação deste tipo de comentário com cartas aos editores negando que tais declarações tenham sido realmente feitas, muito embora os cientistas que as fizeram tenham, subsequentemente, confirmado seus pontos de vista. Na época existia um desejo compartilhado por muitas pessoas de evitar uma guerra nuclear. Se o inverno nuclear parecia horrível, porque investigar tão a fundo? Quem queria discordar? Apenas gente como Edward Teller, o “pai da bomba H”.
Teller disse que “embora seja geralmente reconhecido que os detalhes são incertos e merecem muito estudo adicional, o Dr. Sagan não hesitou em adotar a posição que todo este cenário é tão robusto que há pouca dúvida a respeito das suas principais conclusões”.
Embora para muitas pessoas o fato do inverno nuclear ser um cenário coalhado de incertezas não pareça ter a menor importância, eu digo que isto é imensamente relevante. Uma vez que abandonamos a estrita aderência aos bons princípios da ciência, uma vez que começamos a obter a verdade em conferências de imprensa, então tudo é possível.
Em um contexto, talvez você consiga alguma mobilização contra a guerra nuclear. Mas em outro contexto você acaba no Lysenkoísmo. Em outro você tem a eutanásia nazista. O perigo está sempre lá, se você subverter a ciência para fins políticos.
Por isso é tão importante para o futuro da ciência que a linha entre o que ela é capaz de dizer com certeza, e o que ela não pode, seja traçada com clareza – e defendida.
O que aconteceu com a teoria do inverno nuclear? Com a diminuição da atenção da mídia o seu cenário robusto começou a parecer cada vez menos persuasivo. John Maddox, editor da revista Nature criticou repetidamente as conclusões do TTAPS. Um ano depois, Stephen Schneider, uma das figuras de proa do modelo climático, começou a falar em “outono nuclear”. Não tinha o mesmo apelo.
O ultimo fiasco na mídia ocorreu em 1991, quando Carl Sagan previu, no programa Nightline, que o incêndio dos poços de petróleo do Kuwait poderia criar um efeito semelhante ao inverno nuclear, causando um “ano sem verão” e ameaçando as colheitas agrícolas ao redor do mundo. Sagan enfatizou que este resultado era tão provável que “deveria ser levado em conta no planejamento da guerra”. Nada disso aconteceu.
Que lições aprendemos, então com a história do inverno nuclear? Acredito que a principal lição é: com um nome sonoro, uma posição política forte e uma campanha de mídia agressiva ninguém ousará criticar os aspectos científicos frágeis e, em pouco tempo, uma teoria que sofre de fraqueza terminal passará a ser reconhecida como fato cientificamente estabelecido.
Depois disso não importa mais qualquer crítica. A guerra já acabou antes que fosse disparado o primeiro tiro. Esta é a lição, e nós tivemos uma aplicação clássica dela logo depois, com o caso do fumo passivo .
Em 1993 a EPA anunciou que o fumo passivo era “responsável por aproximadamente 3.000 mortes por câncer do pulmão, a cada ano, entre adultos não fumantes”, e que ele “diminui a saúde do aparelho respiratório de centenas de milhares de pessoas”. Em um panfleto de 1994 a EPA disse que os onze estudos nos quais ela baseou sua decisão não eram conclusivos por si sós, e que eles atribuíam ao fumo passivo, coletivamente, um fator de risco de 1,19 (para referência: um fator de risco inferior a 3,0 é muito pouco para justificar alguma ação por parte da EPA, ou para publicação no New England Journal of Medicine, por exemplo).
Além disso, como não havia associação estatística no nível de confiança de 95%, a EPA baixou o limite de aceitação para 90%, e então eles classificaram o fumo passivo como um carcinógeno do grupo A.
Isto é ciência abertamente fraudulenta, mas formou a base para a proibição do fumo em restaurantes, escritórios e aeroportos. O estado da Califórnia baniu o fumo em lugares públicos em 1995. E logo nenhuma afirmação era extremista demais. Em 1998 o Christian Science Monitor afirmou que “o fumo passivo é a terceira mais importante causa prevenível de mortes a nível nacional”. A American Cancer Society anunciou que 53.000 pessoas morriam a cada ano por causa do fumo passivo. E não existe nenhuma evidência suportando estas afirmações.
Em 1998 um juiz federal concluiu que a EPA tinha agido impropriamente, tendo “chegado a uma conclusão antes que a pesquisa começasse”, e que ela tinha “desconsiderado informação relevante e publicado achados com base em informação escolhida seletivamente”.
A reação de Carol Browner, diretora da EPA, foi: “Nós apoiamos os nossos cientistas; existe um amplo entendimento. O povo americano certamente reconhece que a exposição ao fumo passivo traz todo um rol de problemas de saúde”.
Reparem, novamente, como o apelo ao consenso passa por cima da ciência. E, neste caso, não é nem mesmo um consenso dos cientistas que Browner invoca! É o consenso do povo americano!
Enquanto isso estudos cada vez mais amplos falharam em confirmar qualquer associação. Um grande estudo conduzido pela OMS em sete países em 1998 não encontrou nenhuma associação. Nem nenhum dos estudos bem controlados efetuados posteriormente, que eu tenha conhecimento. Ainda assim nós lemos hoje em dia que, por exemplo, o fumo passivo causa câncer de mama. A esta altura você pode dizer qualquer coisa que quiser sobre o fumo passivo.
Assim como no caso do inverno nuclear, má ciência é usada para promover o que a maioria das pessoas considera uma boa política. Eu certamente acho que é uma boa política. Eu não quero pessoas fumando próximas de mim. Então, quem vai falar contra o banimento do fumo passivo? Ninguém. E se você fizer isso vai ser acusado de ser promotor de vendas da R. J. Reynolds, de ser um lacaio da indústria do tabaco. Mas a verdade é que agora nós temos uma política social suportada na mais grosseira superstição.
E nós demos um péssimo exemplo para a EPA. Nós dissemos a eles que a fraude é um meio válido para o sucesso.
Enquanto o século vinte se aproximava do fim, a conexão entre fato científico e políticas públicas foi se tornando cada vez mais elástica. Isto foi possível, em parte, por causa da complacência dos profissionais da ciência; em parte pela falta de boa educação científica básica da maioria da população; em parte pela ascensão de grupos de pressão especializados, capazes de obter publicidade e de moldar as políticas; e, na maior parte, pelo declínio da mídia no papel de avaliador independente dos fatos.
A deterioração da mídia americana é uma grave perda para o nosso país. Quando instituições de destaque como o New York Times não conseguem mais diferenciar entre conteúdo factual e opinião editorial, misturando os dois livremente na sua primeira página, então quem poderá cobrar altos padrões morais de quem quer que seja?
E assim, neste mundo do vale tudo, onde a ciência – ou não ciência – é a dama de companhia de políticas públicas questionáveis, chegamos enfim ao aquecimento global. Não pretendo, aqui, repassar os detalhes deste que certamente é o mais magnificente dos demônios que assolam este mundo. Vou apenas lembrá-los do padrão, agora já familiar, pelo qual tais coisas foram se estabelecendo.
Primeiro, incertezas nas evidências são tratadas de forma superficial, em uma pressa inapropriada na busca por uma política ultra abrangente, e por verbas de suporte a pesquisas que suportem as políticas pela produção dos resultados desejados pelos seus patronos.
A seguir, o isolamento daqueles cientistas que não se alinham com o programa, e a sua caracterização como não especialistas no assunto e “céticos” entre aspas – indivíduos suspeitos, com motivações suspeitas, capachos da indústria, reacionários ou, simplesmente, casos patológicos de insensibilidade ambiental.
Em pouco tempo cessa o debate, mesmo que cientistas de projeção sintam-se desconfortáveis com a forma que as coisas estão acontecendo. Quando foi que a palavra “cético” se tornou um insulto no ambiente da ciência? Desde quando um cético passou a ter que estar entre aspas?
Para um observador externo a inovação mais significativa na controvérsia sobre o aquecimento global é a confiança irrestrita que está sendo colocada nos modelos computacionais. No tempo do inverno nuclear modelos computadorizados eram invocados para dar mais peso a uma conclusão: “estes resultados foram obtidos com a ajuda de um modelo computacional”.
Mas agora os modelos computacionais em larga escala são vistos como capazes de gerar eles próprios os dados necessários. Modelos não são mais avaliados pela fidelidade de reprodução dos dados do mundo real – cada vez mais são os modelos que fornecem os dados.
Como se eles fossem uma realidade autônoma. E, na verdade, eles são: quando estamos projetando à frente. Não existem dados observacionais sobre o ano 2100. Existem apenas os resultados gerados pelos modelos. Essa fascinação por modelos computacionais é algo que eu entendo muito bem.
Richard Feynman os chamava de uma doença. E eu temo que ele esteja certo, porque somente se você passa muito tempo olhando para a tela de um computador você pode chegar ao ponto de complexidade onde se encontra, hoje, o debate sobre o aquecimento global. Ninguém acredita em uma previsão do tempo para daqui a doze horas, e agora nos pedem que acreditemos em previsões que extrapolam para 100 anos no futuro?
E tomar decisões de investimento com base nestas previsões? Será que todo mundo ficou maluco?
Olhando para o passado eu me sinto obrigado a dizer que a arrogância dos responsáveis pela criação destes modelos é de tirar o fôlego. Sempre existiram, em todos os séculos, cientistas que achavam que já sabiam tudo. Como o clima pode ser um sistema caótico – ninguém tem certeza disso – essas previsões são, colocando de forma educada, inerentemente duvidosas. Mas o ponto central é: mesmo que os modelos representassem a ciência corretamente, eles nunca poderão representar a sociologia. Fazer previsões sobre como será o mundo daqui a cem anos é simplesmente absurdo.
Por exemplo: se eu estivesse vendendo ações de uma companhia que só começaria a apresentar lucro em 2100 vocês comprariam? Ou vocês acharia a ideia tão absurda que só poderia ser um golpe?
Pensem nas pessoas lá atrás em 1900, digamos em Nova York. Se eles estivessem pensando sobre como viveriam as pessoas no ano 2000, com que eles estariam preocupados? Provavelmente algo como: onde as pessoas vão conseguir tantos cavalos? E como eles vão se livrar de toda a m... que os cavalos vão produzir?
A poluição equina era um problema sério em 1900. Imagine como ficaria pior dali a cem anos, com tantas pessoas cavalgando? Mas, é claro, dentro de uns poucos anos ninguém mais cavalgava, a não ser por esporte.
E, em 2000, a França está obtendo 80% das suas necessidades de energia de uma fonte que era desconhecida em 1900. Alemanha, Suíça, Bélgica e Japão obtém mais de 30% da sua energia desta fonte desconhecida em 1900. Lembrem-se: as pessoas em 1900 não sabiam o que era um átomo.
Eles não conheciam a estrutura atômica. Também não sabiam o que era um rádio, ou um aeroporto, ou um filme, ou televisão, computador, telefone celular, aviões a jato, antibióticos, foguetes, satélites artificiais, ressonância magnética, UTI, DIU, IBM, IRA, ETA, EPA, IRS , DoD , PCP, html, Internet, interferon, replay instantâneo, sensoriamento remoto, controle remoto, discagem automática, terapia genética, engenharia genética, genes, transtorno bipolar, Prozac, leggings, e-mail, gravadores de fita magnética, CDs, airbags, explosivo plástico, plástico, robôs, carros, lipoaspiração, transdução, supercondução, antenas parabólicas, ginástica aeróbica, vitaminas, programa dos doze pontos, ultrassom, nylon, rayon, teflon, fibras ópticas, LER , cirurgia a laser, laparoscopia, transplante de córnea, transplante de rim, AIDS.
Nada disso tinha qualquer significado para as pessoas em 1900. Eles simplesmente não iriam saber do que você estava falando.
E agora querem me dizer que vão prever o estado do mundo em 2100? Me digam se isto sequer vale o esforço de pensar a respeito. Nossos modelos apenas transportam o presente para o futuro, e assim estão fadados ao fracasso. Qualquer um, após pensar um pouco, concordará com isto.
Lembro a vocês que, durante o tempo de vida dos cientistas de hoje, nós já tivemos exemplos de previsões catastróficas que não se concretizaram graças ao surgimento de novas tecnologias. Eu me refiro à revolução verde. Em 1960 Paul Ehrlich disse que “a guerra para alimentar a humanidade acabou. Nos anos 70 o mundo sofrerá com a fome. Centenas de milhões de pessoas irão morrer de inanição.
Dez anos depois ele previu que quatro bilhões de pessoas morreriam nos anos 80, incluindo aí 65 milhões de americanos. A fome em grandes proporções que foi prevista nunca ocorreu, e parece que não vai mais ocorrer. Nem a explosão populacional atingirá os níveis previstos apenas dez anos atrás.
Em 1990 os modeladores climáticos anteciparam uma população mundial de 11 bilhões para o ano 2100. Hoje algumas pessoas acham que o número correto será 7 bilhões, e caindo. Mas ninguém tem certeza. É impossível ignorar como o aquecimento global se encaixa no padrão de comportamento do inverno nuclear.
Da mesma forma que os primeiros estudos sobre o inverno nuclear afirmaram que as incertezas eram tão grandes que probabilidades confiáveis não podiam ser determinadas, também os primeiros pronunciamentos sobre o aquecimento global apontaram severos limites ao que pode ser determinado com certeza sobre a mudança no clima.
Em 1995 o relatório preliminar do IPCC dizia que “quaisquer alegações sobre a detecção de sinais significativos de mudança climática provavelmente permanecerão controversos até que todas as variabilidades naturais do sistema climático sejam reduzidas”. Também dizia que “nenhum estudo, até hoje, conseguiu atribuir, no todo ou em parte, as mudanças climáticas observadas a causas antropogênicas”.
Estas afirmações foram removidas, e em seu lugar apareceu o seguinte: “o balanço das evidências sugere uma discernível influência humana no clima”. O que está claro, no entanto, é que, neste assunto, ciência e política tornaram-se inextricáveis ao ponto de ser muito difícil, senão impossível, separá-las. Observadores externos podem, possivelmente, fazer perguntas sérias sobre a condução das pesquisas do aquecimento global, tais como se estamos tomando as devidas precauções para aumentar a qualidade dos nossos dados observacionais, ou se temos algum órgão isento para direcionar a pesquisa nesta área conflituosa.
A resposta a estas perguntas é não. Quando penso a respeito de como estas questões podem ser resolvidas, me ocorre que nesta progressão do SETI para o inverno nuclear, daí para o fumo passivo e chegando ao aquecimento global, nós temos uma mensagem bem clara: podemos esperar mais e mais problemas com as políticas públicas que lidam com assuntos técnicos no futuro. Problemas de seriedade cada vez maior, e onde as pessoas tomam posições apaixonadas de ambos os lados.
E, no momento, nós não temos mecanismos para obter boas respostas, portanto eu vou propor um. Assim como estabelecemos a tradição do uso de pesquisas duplo cego para determinar a eficiência dos remédios, também temos que instituir pesquisas duplo cego nas áreas que envolvem políticas públicas. Certamente a intensificação do uso de modelos computacionais, tais como os modelos climáticos globais, exige a separação entre aqueles que desenvolvem os modelos e aqueles que verificam a sua validade.
O fato é que a presente estrutura da ciência é baseada no empreendedorismo, com as várias equipes de pesquisa disputando o acesso a financiamento por organizações que, muito frequentemente, tem um interesse declarado no resultado da pesquisa – ou parecem ter, o que é tão ruim quanto. Isto não é saudável para a ciência.
Mais cedo ou mais tarde nós teremos que criar um instituto de pesquisa independente neste país. Ele deverá ser financiado pela indústria, pelo governo e pela filantropia privada, tanto individual quanto institucional. O dinheiro deverá ser contabilizado de tal forma que os pesquisadores não possam determinar quem os está pagando. Este instituto deverá financiar mais de um time para pesquisar uma determinada área, e a verificação dos resultados é um requerimento básico. Todos os times saberão que os seus resultados serão checados por outros grupos.
Na maioria dos casos aqueles que decidem como coletar os dados não farão a coleta, e aqueles que fazem a coleta dos dados não farão a análise. Se começarmos a tratar os registros de temperatura com este rigor então estaremos no bom caminho para determinar exatamente quanta fé nós podemos depositar no aquecimento global, e, consequentemente, com que seriedade devemos tratá-lo.
Eu acredito que, agora que estou chegando ao fim da minha litania, alguns de vocês devem estar dizendo: bem, qual é o grande problema, realmente? Cometemos alguns enganos, alguns cientistas exageraram suas teses e pagaram mico. E daí?
Vou dizer a vocês.
Nos últimos anos muito se falou sobre as alegações pós-modernistas sobre a ciência, de que ela é apenas mais uma forma de exercício do poder, fantasiada em exigências especiais sobre a busca da verdade e objetividade que realmente não tem base nos fatos. A ciência, eles dizem, não é melhor que nenhum outro tipo de empreendimento. Estas ideias deixam muitos cientistas zangados. E elas me deixam zangado. Mas os eventos recentes me levam a imaginar se elas não estão corretas.
Podemos tomar como exemplo a recepção da comunidade científica ao estatístico dinamarquês Bjorn Lomborg, que escreveu um livro chamado O Ambientalista Cético.
A resposta da comunidade científica só pode ser descrita como uma desgraça. Na literatura profissional alegou-se que ele não podia tratar deste assunto porque ele não tinha a formação adequada. A editora do seu livro, a Cambridge University Press, foi atacada aos gritos de que o seu editor deveria ser demitido, e que todos os cientistas alinhados com o pensamento correto deveriam boicotá-la. O último presidente da AAAS perguntou como a Cambridge University Press pode “publicar um livro que claramente não passaria por um processo de revisão sério” (mas, claro, o manuscrito foi revisado por três cientistas com a formação adequada, em ambos os lados do atlântico, e todos recomendaram a publicação).
Mas o que os cientistas estão fazendo ao atacar uma editora? Este é o novo McCarthysmo, vindo dos cientistas? O pior de tudo foi o comportamento da revista Scientific American, que parece disposta a provar o ponto de vista pós-modernista que tudo é uma questão de poder, e não de fatos.
A revista atacou Lomborg ao longo de onze páginas, no entanto só conseguiu levantar nove erros factuais, apesar da alegação que o livro estava “crivado de erros relapsos”.
Foi uma péssima apresentação, destacando que furiosos ataques pessoais, incluindo compara-lo com as pessoas que negam que o Holocausto, tenham ocorrido. O título na capa dizia: “a ciência defende-se contra O Ambientalista Cético”.
Realmente. A ciência precisa se defender? Foi a isto que chegamos? Quando Lomborg pediu espaço para rebater seus críticos, ele recebeu apenas uma página e meia. Quando viu que não era suficiente ele publicou os artigos dos seus críticos na sua página pessoal na Internet, e respondeu a eles em detalhe. A Scientific American ameaçou processá-lo por quebra de direitos autorais, e obrigou-o a remover os artigos da sua página.
Desde então a natureza dos ataques que se seguiram deixa tudo claro: Lomborg está sendo acusado de heresia. É este o motivo pelo qual nenhum de seus críticos precisa dar substância aos seus ataques. É por isso que os fatos não importam.
É por isso que eles podem ataca-lo violentamente e de forma pessoal. Ele é um herege. É claro que qualquer cientista pode ser acusado da mesma forma que Galileu o foi. O que eu nunca imaginei é que veria a Scientific American no papel do Tribunal da Santa Inquisição.
É nisto que a ciência se tornou? Eu espero que não. Mas é o que ela se tornará, a menos que exista um esforço coordenado e agressivo dos principais cientistas para separar a ciência da política.
O finado Philip Handler, ex-presidente da Academia Nacional de Ciências, disse que “os cientistas servem melhor à política se viverem pela ética da ciência, e não pela da política. Se a comunidade científica não extirpar os charlatães, o público não vai conseguir enxergar as diferenças, e a ciência e a nação sofrerão”.
Pessoalmente eu não me preocupo sobre a nação, mas eu me preocupo com a ciência.
English to Portuguese: The Sum of All Fears - Prologue (Broken Arrow) by Tom Clancy General field: Art/Literary Detailed field: Military / Defense
Source text - English PROLOGUE – Broken Arrow
‘Like a wolf on the fold.’ In recounting the Syrian attack on the Israeli-held Golan Heights at 1400 local time on Saturday, October 6th, 1973, most commentators automatically recalled Lord Byron’s famous line. There is also little doubt that that is precisely what the more literarily inclined Syrian commanders had in mind when they placed the final touches on the operations plans that would hurl more tanks and guns at the Israelis than any of Hitler’s vaunted panzer generals had ever dreamed of having.
However, the sheep found by the Syrian Army that grim October day were more like bighorn rams in autumn rut than the more docile kind found in pastoral verse. Outnumbered by roughly nine to one, the two Israeli brigades on the Golan were crack units. The 7th Brigade held the northern Golan and scarcely budged, its defensive network a delicate balance of rigidity and flexibility. Individual strongpoints held stubbornly, channeling the Syrian penetrations into rocky defiles, where they could be pinched off and smashed by roving bands of Israeli armor which lay in wait behind the Purple Line. By the time reinforcements began arriving on the second day, the situation was still in hand – but barely. By the end of the fourth day, the Syrian tank army that had fallen upon the 7th lay a smoking ruin before it.
The Barak (‘Thunderbolt’) Brigade held the southern heights and was less fortunate. Here the terrain was less well-suited to the defense, and here also the Syrians appear to have been more ably led. Within hours the Barak had been broken into several fragments. Though each piece would later prove to be as dangerous as a nest of vipers, the Syrian spearheads were quick to exploit the gaps and race towards their strategic objective, the Sea of Galilee. The situation that developed over the next thirty-six hours would prove to be the gravest test of Israeli arms since 1948.
Reinforcements began arriving on the second day. These had to be thrown into the battle area piecemeal – plugging holes, blocking roads, even rallying units that had broken under the desperate strain of combat and, for the first time in Israeli history, fled the field before the advancing Arabs. Only on the third day were the Israelis able to assemble their armored fist, first enveloping, then smashing the three deep Syrian penetrations. The changeover to offensive operations followed without pause. The Syrians were hurled back towards their own capital by a wrathful counterattack, and surrendered a field littered with burned-out tanks and shattered men. At the end of this day the troopers of the Barak and the 7th heard over their unit radio nets a message from Israeli Defense Forces High Command.
You have saved the people of Israel.
And so they had. Yet outside Israel, except for schools in which men learn the profession of arms, this epic battle is strangely unremembered. As in the Six Day War of 1967, the more freewheeling operations in the Sinai were the ones that attracted the excitement and admiration of the world: bridging the Suez, the Battle of the ‘Chinese’ Farm, the encirclement of the Egyptian 3rd Army – this despite the fearful implications of the Golan fighting, which was far closer to home. Still, the survivors of those two brigades knew what they had done, and their officers could revel in the knowledge that among professional soldiers who know the measure of skill and courage that such a stand entails, their Battle for the Heights would be remembered with Thermopylae, Bastogne and Gloucester Hill.
Each war knows many ironies, however, and the October War was no exception. As is true of most glorious defensive stands, this one was largely unnecessary. The Israelis had misread intelligence reports which, had they been acted on as little as twelve hours earlier, would have enabled them to execute pre-set plans and pour reserves onto the Heights hours before the onslaught commenced. Had they done so, there would have been no heroic stand.
There would have been no need for their tankers and infantrymen to die in numbers so great that it would be weeks before the true casualty figures were released to a proud, but grievously wounded nation. Had the information been acted upon, the Syrians would have been massacred before the Purple Line for all their lavish collection of tanks and guns, and there is little glory in massacres. This failure of intelligence has never been adequately explained. Did the fabled Mossad fail so utterly to discern the Arabs’ plans? Or did Israeli political leaders fail to recognize the warnings they received? These questions received immediate attention in the world press, of course, most particularly in regard to Egypt’s assault-crossing of the Suez, which breached the vaunted Bar-Lev Line.
Equally serious but less well appreciated was a more fundamental error made years earlier by the usually prescient Israeli general staff. For all its firepower, the Israeli Army was not heavily outfitted with tube artillery, particularly by Soviet standards. Instead of heavy concentrations of mobile field guns, the Israelis chose to depend heavily on large numbers of short-range mortars, and attack aircraft. This left Israeli gunners on the Heights outnumbered twelve to one, subject to crushing counter-battery fire, and unable to provide adequate support to the beleaguered defenders. That error cost many lives.
As is the case with most grave mistakes, this one was made by intelligent men, for the very best of reasons. The same attack-fighter that struck the Golan could rain steel and death on the Suez as little as an hour later. The IAF was the first modern air force to pay systematic attention to ‘turn-around time.’ Its ground crewmen were trained to act much like a racing car’s pit crew, and their speed and skill effectively doubled each plane’s striking power, making the IAF a profoundly flexible and weighted instrument, and making a Phantom or a Skyhawk appear to be more valuable than a dozen mobile field guns.
What the Israeli planning officers had failed to take fully into account was the fact that the Soviets were the ones arming the Arabs, and, in doing so, would inculcate their clients with their own tactical philosophies. Intended to deal with NATO air power always deemed better than their own, Soviet surface-to-air missile (SAM) designers had always been among the world’s best. Russian planners saw the coming October War as a splendid chance to test their newest tactical weapons and doctrine. They did not spurn it. The Soviets gave their Arab clients a SAM network such as the North Vietnamese or Warsaw Pact forces of the time dared not dream about, a nearly solid phalanx of interlocking missile batteries and radar systems deployed in depth, along with new mobile SAMs that could advance with the armored spearheads, extending the ‘bubble’ of counter-air protection under which ground action could continue without interference. The officers and men who were to operate those systems had been painstakingly trained, many within the Soviet Union with the full benefit of everything the Soviets and Vietnamese had learned of American tactics and technology, which the Israelis were correctly expected to imitate. Of all the Arab soldiers in the October War, only these men would achieve their pre-war objectives. For two days they effectively neutralized the IAF. Had ground operations gone according to plan, that would have been enough.
And it is here that the story has its proper beginning. The situation on the Golan Heights was immediately evaluated as serious. The scarce and confused information coming in from the two stunned brigade staffs led the Israeli High Command to believe that tactical control of the action had been lost. It seemed that their greatest nightmare had finally occurred: they had been caught fatally unready; their northern kibbutzim were vulnerable; their civilians, their children lay in the path of a Syrian armored force that by all rights could roll down from the Heights with the barest warning. The initial reaction of the staff operations officers was something close to panic.
But panic is something that good operations officers also plan for. In the case of a nation whose enemies’ avowed objective was nothing short of physical annihilation, there was no defensive measure that could be called extreme. As early as 1968, the Israelis, like their American and NATO counterparts, had based their ultimate plan on the nuclear option. At 03.55 hours, local time, on October 7th, just fourteen hours after the actual fighting began, the alert orders for OPERATION JOSHUA were telexed to the IAF base outside Beersheba.
Israel did not have many nuclear weapons at the time – and denies having any to this date. Not that many would be needed, if it came to that. At Beersheba, in one of the countless underground bomb-storage bunkers, were twelve quite ordinary-looking objects, indistinguishable from the many other items designed to be attached to tactical aircraft, except for the silver-red striped labels on their sides. No fins were attached, and there was nothing unusual in the streamlined shape of the burnished-brown aluminum skin, with barely visible seams and a few shackle points. There was a reason for that. To an unschooled or cursory observer, they might easily have been mistaken for fuel tanks or napalm canisters, and such objects hardly merit a second look. But each was a plutonium fission bomb with a nominal yield of 60 kilotons, quite enough to carve the heart out of a large city, or to kill thousands of troops in the field, or, with the addition of cobalt jackets – stored separately, but readily attachable to the external skin – to poison a landscape to all kinds of life for years to come.
On this morning, activity at Beersheba was frantic. Reserve personnel were still streaming into the base from the previous day’s devotions and family visiting all over the small country. Those men on duty had been so for too long a time for the tricky job of arming aircraft with lethal ordnance. Even the newly arriving men had had precious little sleep. One team of ordnance men, for security reasons not told the nature of their task, was arming a flight of A-4 Skyhawk strike-fighters with nuclear weapons under the eyes of two officers, known as ‘watchers,’ for that was their job, to keep visual track of everything that had to do with nuclear weapons. The bombs were wheeled under the centerline hard point of each of the four aircraft, lifted carefully by the hoisting arm, then shackled into place. The least exhausted of the ground crew might have noticed that the arming devices and tail fins had not yet been attached to the bombs. If so they doubtless concluded that the officer assigned to that task was running late – as was nearly everything this cold and fateful morning.
The nose of each weapon was filled with electronics gear. The actual exploder mechanism and capsule of nuclear material – collectively known as the ‘physics package’ – were already in the bombs, of course. The Israeli weapons, unlike American ones, were not designed to be carried by alert aircraft during the time of peace, and they lacked the elaborate safeguards installed in American weapons by the technicians at the Pantex assembly plant, outside Amarillo, Texas. The fusing systems comprised two packages, one for attachment to the nose, and one integral with the tail fins. These were stored separately from the bombs themselves. All in all, the weapons were very unsophisticated by American or Soviet standards, in the same sense that a pistol is far less sophisticated than a machine-gun, but, at close range, equally lethal. Once the nose and fin packages were installed and activated, the only remaining activation procedure was the installation of a special arming panel within the cockpit of each fighter, and the attachment of the power plug from the aircraft to the bomb. At that point the bomb would be ‘released to local control,’ placed in the hands of a young, aggressive pilot, whose job was then to loft it in a maneuver called The Idiot’s Loop which tossed the bomb on a ballistic path that would – probably – allow him and his aircraft to escape without harm when the bomb detonated.
Depending on the exigencies of the moment, and the authorization of the ‘watchers’, Beersheba’s senior ordnance officer had the option to attach the arming packages. Fortunately, this officer was not at all excited about the idea of having half-live ‘nukes’ sitting about on a flight line that some lucky Arab might attack at any moment. A religious man, for all the dangers that faced his country on that cold dawn, he breathed a silent prayer of thanks when cooler heads prevailed in Tel Aviv, and gave the order to stand JOSHUA down. The senior pilots who would have flown the strike mission returned to their squadron ready-rooms and forgot what they had been briefed to do. The senior ordnance officer immediately ordered the bombs removed, and returned to their place of safe keeping.
The bone-tired ground crew began removing the weapons, just as the other teams arrived on their own carts for the task of rearming the Skyhawks with Zuni rocket clusters. The strike order had been put up: The Golan. Hit the Syrian armored columns advancing on the Barak’s sector of Purple Line from Kafr Shams. The ordnance men jostled under the aircraft, two teams each trying to do their jobs, one team trying to remove bombs, that they didn’t know to be bombs at all, while the other hung Zunis on the wings.
There were more than four strike aircraft cycling through Beersheba, of course. The dawn’s first mission over the Suez was just returning – what was left of it. The RF-4C Phantom reconnaissance aircraft had been lost, and its F-4E fighter escort limped in, trailing fuel from perforated wing tanks and with one of its two engines disabled. The pilot had already radioed his warning in: there was some new kind of surface-to-air missile, maybe that new SA-6; its radar-tracking systems had not registered on the Phantom’s threat receiver; the recce bird had had no warning at all, and only luck had enabled him to evade the four targeted on his aircraft. That fact was flashed to IAF high command even before the aircraft touched down gingerly on the runway. The plane was directed to taxi down to the far end of the ramp, close to where the Skyhawks stood. The Phantom’s pilot followed the jeep to the waiting fire-fighting vehicles, but just as it stopped, the left main tire blew out. The damaged strut collapsed as well and 45,000 pounds of fighter dropped to the pavement like dishes from a collapsed table. Leaking fuel ignited, and a small but deadly fire enveloped the aircraft. An instant later, 20 mm ammunition from the fighter’s gun pod started cooking off, and one of the two crewmen was screaming within the mass of flames.
Firefighters moved in with water-fog. The two ‘watcher’ officers were the closest, and raced towards the flames to drag the pilot clear. All three were peppered by fragments from the exploding ammunition, while a fireman coolly made his way through the flames to the second crewman and carried him out, singed but alive. Other firemen collected the watchers and the pilot, and loaded their bleeding bodies into an ambulance.
The nearby fire distracted the ordnance men under the Skyhawks. One bomb, the one on aircraft number three, dropped a moment too soon, crushing the team supervisor’s legs on the hoist. In the shrieking confusion of the moment, the team lost track of what was being done. The injured man was rushed to the base hospital while the three dismounted nuclear weapons were carted back to the storage bunker – in the chaos of an airbase on the first full day of a shooting war, the empty cradle of one of the carts somehow went unnoticed. The aircraft line chiefs arrived a moment later to begin abbreviated pre-flight checks as the jeep arrived from the ready shack. Four pilots jumped off it, each with a helmet in one hand and a tactical map in the other, each furiously eager to lash out at his country’s enemies.
‘What the hell’s that?’ snapped eighteen-year-old Lieutenant Mordecai Zadin. Called Motti by his friends, he had the gangling awkwardness of his age. ‘Fuel tank, looks like,’ replied the line chief. He was a reservist who owned a garage in Haifa, a kindly, competent man of fifty years. ‘Shit,’ the pilot replied, almost quivering with excitement. ‘I don’t need extra fuel to go to the Golan and back!’
‘I can take it off, but I’ll need a few minutes.’ Motti considered that for a moment. A sabra from a northern kibbutz, a pilot for barely five months, he saw the rest of his comrades strapping into their aircraft. Syrians were attacking towards the home of his parents, and he had a sudden horror of being left behind on his first combat mission. ‘Fuck it! You can strip it off when I get back.’ Zadin went up the ladder like a shot. The chief followed, strapping the pilot in place, and checking the instruments over the pilot’s shoulder. ‘She’s ready, Motti! Be careful.’
‘Have some tea for me when I get back.’ The youngster grinned with all the ferocity such a child could manage. The line chief slapped him on the helmet. ‘You just bring my airplane back to me, menchkin. Mazeltov.’ The chief dropped down to the concrete, and removed the ladder. He next gave the aircraft a last visual scan for anything amiss, as Motti got his engine turning. Zadin worked the flight controls and eased the throttle to full idle, checking fuel and engine-temperature gauges. Everything was where it should be. He looked over to the flight leader and waved his readiness. Motti pulled down the manual canopy, took a last look at the line chief, and fired off his farewell salute.
At eighteen, Zadin was not a particularly young pilot by IAF standards. Selected for his quick boy’s reactions and aggressiveness, he’d been identified as a likely prospect four years earlier, and had fought hard for his place in the world’s finest air force. Motti loved to fly, had wanted to fly ever since, as a toddler, he’d seen a 61-109 training aircraft that an ironic fate had given Israel to start its air force. And he loved his Skyhawk. It was a pilot’s aircraft. Not an electronicized monster like the Phantom, the A-4 was a small, responsive bird of prey that leaped at the twitch of his hand on the stick. Now he would fly combat. He was totally unafraid. It never occurred to him to fear for his life – like any teenager he was certain of his own immortality, and combat flyers are selected for their lack of human frailty. Yet he marked the day. Never had he seen so fine a dawn. He felt supernaturally alert, aware of everything: the rich wake-up coffee; the dusty smell of the morning air at Beersheba, now the manly scents of oil and leather in the cockpit; the idle static on his radio circuits; and the tingle of his hands on the control stick. He had never known such a day and it never occurred to Motti Zadin that fate would not give him another.
The four-plane formation taxied in perfect order to the end of runway zero-one. It seemed a good omen, taking off due north, towards an enemy only fifteen minutes away. On command of his flight leader – himself a mere twenty-one – all four pilots pushed their throttles to the stops, tripped their brakes, and dashed forward into the cool, calm, morning air. In seconds, all were airborne and climbing to five thousand feet, careful to avoid the civilian air traffic of Ben Gurion International Airport, which in the mad scheme of life in the Middle East was still fully active.
The captain gave his usual series of terse commands, just like a training flight: tuck it in, check engine, ordnance, electrical systems. Heads up for MiGs and friendlies. Make sure your IFF is squawking green. The fifteen minutes it took to fly from Beersheba to the Golan passed rapidly. Zadin’s eyes strained to see the volcanic escarpment for which his older brother had died while taking it from the Syrians only six years before. The Syrians would not get it back, Motti told himself.
‘Flight: turn right to heading zero-four-three. Targets are tank columns four kilometers east of the line. Heads up. Watch for SAMs and ground fire.’
‘Lead, Four: I have tanks on the ground at one,’ Zadin reported coolly. ‘Look like our Centurions.’
‘Good eye, Four’ the captain replied. ‘They’re friendly.’
‘I got a beeper, I got launch warning.’ someone called. Eyes scanned the air for danger.
‘SHIT!’ called an excited voice. ‘SAMs low at twelve coming up!’
‘I see them. Flight, left and right, break NOW!’ the captain commanded.
The four Skyhawks scattered by elements. There were a dozen SA-2 missiles several kilometers off, like flying telephone poles, coming towards them at Mach-3. The SAMs split left and right too, but clumsily, and two exploded in a mid-air collision. Motti rolled right and hauled his stick into his belly, diving for the ground and cursing the extra wing weight. Good, the missiles were not able to track them down. He pulled level a bare hundred feet above the rocks, still heading towards the Syrians at four hundred knots, shaking the sky as he roared over the cheering, beleaguered troopers of the Barak.
The mission was a washout as a coherent strike, Motti already knew. It didn’t matter. He’d get some Syrian tanks. He didn’t have to know exactly whose, so long as they were Syrian. He saw another A-4 and formed up just as it began its firing run. He looked forward and saw them, the dome shapes of Syrian T-62s. Zadin toggled his arming switches without looking. The reflector gunsight appeared in front of his eyes.
‘Uh-oh, more SAMs, coming in on the deck.’ It was the captain’s voice, still cool. Motti’s heart skipped a beat: a swarm of missiles, smaller ones – are these the SA-6s they told us about? he wondered quickly – was tracing over the rocks towards him. He checked his ESM gear; it had not sensed the attacking missiles. There was no warning beyond what his eyes told him. Instinctively, Motti clawed for altitude in which to maneuver. Four missiles followed him up. Three kilometers away. He snap-rolled right, then spiraled down and left again. That fooled three of them, but the fourth followed him down. An instant later it exploded, a bare thirty meters from his aircraft.
The Skyhawk felt as though it had been kicked aside ten meters or more. Motti struggled with the controls, getting back level just over the rocks. A quick look chilled him. Whole sections of his port wing were shredded. Warning beepers in his headset and flight instruments reported multiple disaster: hydraulics zeroing out, radio out, generator out. But he still had manual flight controls, and his weapons could fire from back-up battery power. At that instant he saw his tormentors: a battery of SA-6 missiles, four launcher vehicles, a Straight Flush radar van, and a heavy truck full of reloads, all four kilometers away. His hawk’s eyes could even see the Syrians struggling with the missiles, loading one onto a launcher rail. They saw him, too, and then began a duel no less epic for its brevity.
Motti eased as far down as he dared with his buffeting controls and carefully centered the target in his reflector sight. He had forty-eight Zuni rockets. They fired in salvos of four. At two kilometers he opened fire into the target area. The Syrian missileers somehow managed to launch another SAM. There should have been no escape, but the SA-6 had a radar-proximity fuse, and the passing Zunis triggered it, exploding the SAM harmlessly half a kilometer away. Motti grinned savagely beneath his mask, as he fired rockets and now twenty-millimeter cannon fire into the mass of men and vehicles.
The third salvo hit, then four more, as Zadin kicked rudder to drop his rockets all over the target area. The missile battery was transformed into an inferno of diesel fuel, missile propellant, and exploding warheads. A huge fireball loomed in his path, and Motti tore through it with a feral shout of glee, his enemies obliterated, his comrades avenged.
Zadin had but a moment of triumph. Great sheets of the aluminum which made up his aircraft’s left wing were being ripped away by the four-hundred-knot slipstream. The A-4 began shuddering wildly. When Motti turned left for home, the wing collapsed entirely. The Skyhawk disintegrated in mid-air. It took only a few seconds before the teenaged warrior was smashed on the basaltic rocks of the Golan Heights, neither the first nor the last to die there. No other of his flight of four survived.
Of the SAM battery, almost nothing was left. All six vehicles had been blasted to fragments. Of the ninety men who had manned them, the largest piece recovered was the headless torso of the battery commander. Both he and Zadin had served their countries well, but as is too often the case, conduct which in another time or place might have inspired the heroic verse of a Virgil or a Tennyson went unseen and unknown. Three days later, Zadin’s mother received the news by telegram, learning again that all Israel shared her grief, as if such a thing were possible for a woman who had lost two sons.
But the lingering footnote to this bit of unreported history was that the unarmed bomb broke loose from the disintegrating fighter and proceeded yet further eastward, falling far from the fighter-bomber’s wreckage to bury itself meters from the home of a Druse farmer. It was not until three days later that the Israelis discovered that their bomb was missing, and not until the day after the October War ended that they were able to reconstruct the details of its loss. This left the Israelis with a problem insoluble even to their imaginations. The bomb was somewhere behind Syrian lines – but where? Which of the four aircraft had carried it? Where had it gone down? They could hardly ask the Syrians to search for it. And could they tell the Americans, from whom the ‘special nuclear material’ had been adroitly and deniably obtained?
And so the bomb lay unknown, except to the Druse farmer who simply covered it over with two meters of dirt and continued to farm his rocky patch.
Translation - Portuguese PRÓLOGO - Broken Arrow
"Como um lobo no cercado das ovelhas". Ao reportar o ataque sírio às colinas de Golan ocupadas por Israel, às 14:00 horas, horário local, do sábado, 6 de outubro de 1973, a maioria dos comentaristas automaticamente lembraram do verso famoso do Lord Byron. Há poucas dúvidas de que era precisamente isso que os comandantes sírios com maior inclinação literária tinham em mente quando deram os toques finais nos planos da operação que iria lançar mais tanques e canhões sobre os israelenses do que qualquer um dos celebrados generais das divisões Panzer de Hitler jamais sonhou em ter.
No entanto as ovelhas que o exército sírio encontrou naquele fatídico dia de outubro eram mais como carneiros selvagens no cio do outono do que o tipo mais dócil encontrado no verso pastoral. Com uma desvantagem numérica de aproximadamente nove para um, as duas brigadas israelenses no Golan eram unidades de elite. A 7ª brigada manteve o lado norte do Golan e não cedeu quase nenhum terreno, com a sua linha defensiva em um delicado balanço de rigidez e flexibilidade. Pontos-chave individuais foram obstinadamente defendidos, canalizando as penetrações sírias para desfiladeiros rochosos, onde elas podiam ser encurraladas e destruídas por unidades volantes de blindados israelenses, que ficaram em espera por trás da linha púrpura. Quando os reforços começaram a chegar, no segundo dia, a situação ainda estava sob controle - mas por pouco. Ao final do quarto dia, o exército de tanques sírios que havia se lançado sobre a 7ª era uma ruína fumegante à sua frente.
A brigada Barak ("raio") defendia as colinas ao sul, e teve menos sorte. Ali o terreno era menos adequado para a defesa, e ali também os sírios aparentemente foram liderados com maior habilidade. Em poucas horas a Barak foi despedaçada em vários fragmentos. Embora cada um desses fragmentos viesse a se mostrar tão perigoso quanto um ninho de víboras, as pontas de lança sírias foram rápidas em explorar as brechas e avançaram em direção do seu objetivo estratégico: o Mar da Galileia. A situação que se desenrolou nas trinta e seis horas seguintes provou ser o mais grave teste das armas israelenses desde 1948.
Os reforços começaram a chegar no segundo dia. Eles tiveram que ser lançados na batalha de maneira fragmentada - cobrindo buracos, bloqueando estradas e até mesmo reagrupando unidades que se desintegraram no esforço desesperado do combate e, pela primeira vez na história israelense, bateram em retirada à frente dos árabes que avançavam. Somente no terceiro dia os israelenses conseguiram organizar o seu punho blindado, primeiro cercando e depois esmagando as três profundas penetrações sírias. A transição para operações ofensivas foi realizada sem pausa. Os sírios foram empurrados de volta em direção à sua própria capital por um furioso contra-ataque, e retiraram-se de um campo de batalha coberto de tanques queimados e homens estraçalhados. Ao final daquele dia os soldados da Barak e da 7ª ouviram nas redes de rádio das suas unidades uma mensagem do alto comando das Forças de Defesa de Israel:
vocês salvaram o povo de Israel.
E eles realmente fizeram isso. E, no entanto, fora de Israel, exceto nas escolas nas quais homens aprendem a profissão das armas, esta batalha épica estranhamente não é lembrada. Assim como na Guerra dos Seis Dias em 1967, as operações mais movimentadas no Sinai foram as que atraíram a excitação e admiração mundiais: a travessia do Suez, a batalha da fazenda "chinesa", o cerco ao 3º exército egípcio - apesar das nefastas implicações da luta no Golan, que acontecia bem mais perto de casa. Ainda assim, os sobreviventes daquelas duas brigadas sabiam o que tinham feito, e seus oficiais podiam comemorar, sabendo que entre os soldados profissionais que conhecem o quanto de habilidade e coragem uma resistência dessas exige, a sua batalha pelas colinas seria lembrada junto com Termópilas, Bastogne e Gloucester Hill.
Entretanto, toda guerra tem muitas ironias, e a guerra de outubro não foi exceção. Assim como na maioria das gloriosas batalhas defensivas, esta foi, em grande parte, desnecessária. Os israelenses interpretaram de forma errada relatórios de inteligência que, se tivessem desencadeado ações com apenas doze horas de antecedência, permitiriam que eles executassem planos já preparados e deslocassem reservas para as colinas horas antes de começar a carnificina. Se tivessem feito isso não haveria nenhuma batalha heroica.
Não haveria necessidade de que seus tripulantes de tanques e soldados de infantaria morressem em uma quantidade tão grande que somente semanas depois as reais quantidades de baixas foram informadas a uma nação orgulhosa, mas profundamente ferida. Se ações fossem tomadas com base naquelas informações, os sírios teriam sido massacrados antes da linha púrpura, apesar do seu exuberante arsenal de tanques e canhões, e existe pouca glória em massacres. Esta falha dos serviços de inteligência de Israel nunca foi adequadamente explicada. O fabuloso Mossad falhou totalmente em discernir os planos árabes? Ou os líderes políticos israelenses falharam em reconhecer os alertas que receberam? Estas questões receberam imediata atenção da imprensa mundial, é claro. Muito particularmente a respeito da travessia do Suez pelo Egito, rompendo a celebrada linha Bar-Lev.
Igualmente sério, mas menos compreendido, foi o erro fundamental cometido anos antes pelos normalmente prescientes oficiais do Estado-Maior israelense. Apesar de todo o seu poder de fogo, o exército israelense não era equipado com artilharia de tubo pesada em grande quantidade, particularmente pelos padrões soviéticos. Em vez de grandes concentrações de canhões autopropulsados, os israelenses escolheram utilizar morteiros de curto alcance e aeronaves de ataque. Isso deixou os artilheiros israelenses nas colinas em uma desvantagem numérica de doze para um, sujeitos a um esmagador fogo de contrabateria, e incapazes de prover apoio adequado aos defensores sitiados. Este erro custou muitas vidas.
Como é o caso com a maioria dos erros graves, este foi cometido por homens inteligentes, e por boas razões. O mesmo caça-bombardeiro que atacava o Golan podia chover aço e morte no Suez apenas uma hora depois. A IAF foi a primeira força aérea moderna a prestar atenção sistemática ao "tempo de permanência em solo". O seu pessoal de terra era treinado para agir como se fosse a equipe de box de um carro de corrida, e a sua velocidade e habilidade efetivamente dobravam o poder de ataque de cada avião, fazendo da IAF um instrumento profundamente flexível e balanceado, e fazendo com que um Phantom ou um Skyhawk parecessem mais valiosos que uma dúzia de canhões autopropulsados.
O que os oficiais de planejamento israelenses não levaram completamente em conta foi o fato de que eram os soviéticos que estavam armando os árabes, e ao fazer isso iriam inculcar nos seus clientes as suas próprias filosofias táticas. Tendo que enfrentar o poder aéreo da OTAN, sempre considerado como melhor que o seu, os projetistas soviéticos de mísseis terra-ar (SAM) sempre estiveram entre os melhores do mundo. Os planejadores russos viram a guerra que se aproximava em outubro como uma esplêndida chance de testar suas armas e doutrinas táticas mais recentes. E eles não a desperdiçaram. Os soviéticos deram aos árabes uma rede de defesa antiaérea que nem os Norte-vietnamitas, nem as forças do Pacto de Varsóvia da época sequer sonhavam em ter. Uma falange quase sólida de baterias de mísseis e sistemas de radar interconectados e dispostos em profundidade, junto com novos SAMs móveis que podiam avançar com as pontas de lança blindadas, estendendo a "bolha" de proteção antiaérea, dentro da qual a ação em terra podia continuar sem interferências. Os oficiais e soldados que foram treinados para operar aqueles sistemas foram meticulosamente treinados, muitos na própria União Soviética e tirando pleno proveito de tudo que os soviéticos e vietnamitas aprenderam sobre a tecnologia e as táticas americanas, que, acertadamente, imaginaram que os israelenses iriam imitar. De todos os soldados árabes na guerra de outubro, apenas esses homens conseguiram atingir seus objetivos definidos antes da guerra. Por dois dias eles efetivamente neutralizaram a IAF. Se as operações em terra tivessem corrido conforme o planejado, isso teria sido o suficiente.
E é aqui que a nossa história tem o seu real começo. A situação nas colinas de Golan foi imediatamente avaliada como séria. As escassas e confusas informações que estavam sendo recebidas dos atordoados Estados-Maiores das duas brigadas levaram o Alto Comando israelense a acreditar que o controle tático da situação havia sido perdido. Parecia que o seu pior pesadelo finalmente aconteceu: eles foram pegos fatalmente despreparados, os kibbutzim ao norte estavam vulneráveis; sua população civil, suas crianças estavam no caminho de uma força blindada síria que, ao que tudo indicava, podia descer das colinas com mínimo alerta prévio. A reação inicial dos oficiais de operações do Estado-Maior foi algo próximo ao pânico.
Mas pânico é algo que bons oficiais de operações também levam em conta no planejamento. No caso de uma nação em que o objetivo declarado de seus inimigos era nada menos que a sua aniquilação física, não existia nenhuma medida de defesa que pudesse ser considerada extrema demais. Desde 1968 os israelenses, assim como seus correspondentes americanos e da OTAN, basearam seus planos de último recurso na opção nuclear. Às 03:55 horas, horário local, do dia 7 de outubro, apenas quatorze horas após o início das hostilidades, ordens de alerta para a operação JOSHUA foram enviadas por telex para a base da IAF próxima a Beersheba.
Israel não possuía muitas armas nucleares naquela época - e até hoje nega que tenha alguma. Não que muitas fossem necessárias, se as coisas chegassem a este ponto. Em Beersheba, em um dos inúmeros bunkers subterrâneos de estocagem de bombas, estavam doze objetos de aparência bastante comum, indistinguíveis de muitos outros itens construídos para ser instalados em aeronaves táticas, exceto pelas etiquetas com listras prata e vermelho nas suas laterais. Não tinham aletas instaladas, e não havia nada de incomum no formato aerodinâmico da carcaça de alumínio marrom polido, com juntas quase invisíveis e alguns poucos pontos de fixação. Havia uma razão para isso. Para um observador casual ou ignorante elas poderiam facilmente ser confundidas com tanques de combustível ou bombas de napalm, e tais objetos raramente mereciam uma inspeção mais detalhada. Mas cada uma era uma bomba de fissão de plutônio, com potência nominal de 60 quilotons, o suficiente para destruir o centro de uma grande cidade ou matar milhares de soldados no campo de batalha, ou, com a adição de coberturas de cobalto - armazenadas em separado, mas disponíveis para montagem na parte externa da carcaça - tornar o ambiente venenoso para todas as formas de vida por anos a fio.
Naquela manhã a atividade em Beersheba era frenética. Reservistas chegavam à base, vindo das cerimônias religiosas e visitas familiares do dia anterior por todo o pequeno país. Estes homens estavam em atividade há tempo demais no serviço complicado de armar aeronaves com munição letal. Mesmo os recém-chegados tiveram muito pouco tempo de precioso sono. Uma equipe de instaladores de munição, que não foram informados da natureza da sua tarefa por razões de segurança, estava armando uma esquadrilha de quatro caças de ataque A-4 Skyhawk, sob o olhar de dois oficiais conhecidos como "observadores", porque este era o seu trabalho: manter controle visual de tudo que tivesse a ver com armas nucleares. As bombas foram trazidas em carrinhos até o ponto central de fixação de cada uma das quatro aeronaves, suspensas cuidadosamente com um guincho e então fixadas no lugar. Algum dos membros da equipe que estivesse menos cansado poderia notar que nem os dispositivos de detonação nem as aletas de cauda haviam sido instaladas nas bombas. Se fosse assim, sem dúvida concluiria que os oficiais designados para esta tarefa estavam atrasados - assim como estava quase tudo nesta fria e fatídica manhã.
O nariz de cada arma era preenchido com equipamentos eletrônicos. O verdadeiro dispositivo de detonação e a cápsula do material nuclear - conhecidos coletivamente como o "pacote da física" - já estavam dentro das bombas, é claro. As armas israelenses, diferentemente das americanas, não foram projetadas para ser carregadas por aeronaves em alerta em tempo de paz, e não dispunham das elaboradas salvaguardas de segurança, instaladas nas armas americanas pelos técnicos da linha de montagem da Pantex, próxima a Amarillo, Texas. Os sistemas de espoleta eram compostos de dois conjuntos, um para ser conectado ao nariz, e outro integrado com as aletas de cauda. Eles eram armazenadas em separado das bombas propriamente ditas. De maneira geral, as armas eram muito pouco sofisticadas para os padrões americanos ou soviéticos, no mesmo sentido em que uma pistola é muito menos sofisticada que uma metralhadora, mas, a curta distância, igualmente letal. Uma vez que os conjuntos do nariz e das aletas fossem instalados e ligados, os únicos procedimentos remanescentes eram a instalação de um painel especial de ativação na cabine de cada caça, e a conexão de energia da aeronave para a bomba. A partir desse momento a bomba estaria "liberada para o controle local", e seria colocada nas mãos de um jovem e agressivo piloto, cujo trabalho seria lançá-la, em uma manobra chamada o loop do idiota, arremessando a bomba em uma trajetória balística que - provavelmente - permitiria que ele e a sua aeronave escapassem ilesos quando a bomba detonasse.
Dependendo das exigências do momento, e da autorização dos "observadores", o oficial de munição sênior de Beersheba podia escolher quando instalar os conjuntos de detonação. Por sorte aquele oficial não estava nem um pouco animado com a ideia de ter bombas nucleares parcialmente ativas instaladas em uma esquadrilha estacionada, que algum piloto árabe sortudo poderia atacar a qualquer momento. Ele era um homem religioso. Apesar de todos os perigos que ameaçavam o seu país naquela manhã gelada, ele murmurou uma prece silenciosa de agradecimento quando cabeças mais frias prevaleceram em Tel-Aviv e deram a ordem para cancelar a operação JOSHUA. Os pilotos veteranos que teriam voado naquela missão de ataque retornaram para as salas de prontidão dos seus esquadrões e esqueceram aquilo que tinham sido instruídos a executar. O oficial sênior de munições imediatamente ordenou que as bombas fossem removidas e devolvidas para seu lugar de estocagem segura.
A exausta equipe de terra começou a remover as armas, ao mesmo tempo em que outras equipes chegaram, com outros carrinhos, para a tarefa de rearmar os Skyhawks com lançadores de foguetes Zuni. A ordem de ataque já estava definida: o Golan. Atingir as colunas blindadas sírias que avançavam no setor da Barak da linha púrpura a partir de Kafr Shams. As equipes de munição se aglomeravam debaixo das aeronaves, cada um dos dois times tentando realizar a sua tarefa. Um tentando remover as bombas e o outro instalando os Zunis sob as asas.
Havia mais do que quatro aeronaves de ataque transitando por Beersheba, é claro. A primeira missão da madrugada sobre o Suez estava acabando de retornar – ou o que sobrou dela. O avião de reconhecimento Phantom RF-4C foi abatido, e o seu caça de escolta F-4E aproximou-se claudicante, deixando um rastro do combustível vazando dos tanques perfurados das asas, e com um dos seus motores sem funcionar. O piloto já tinha enviado o aviso pelo rádio: havia algum tipo novo de míssil terra-ar, talvez o novo SA-6. Os seus sistemas de mira por radar não haviam sido registrados pelo receptor de ameaças do Phantom. O avião de reconhecimento não teve nenhum aviso, e só por sorte ele conseguiu se evadir dos quatro mísseis lançados contra a sua aeronave. Este fato foi repassado com prioridade para o alto comando da IAF, antes mesmo que a aeronave pousasse cautelosamente na pista. O avião foi instruído a taxiar até a parte mais distante do pátio, perto de onde estavam os Skyhawks. O piloto do Phantom seguiu o jipe até os caminhões dos bombeiros em espera, mas assim que parou o pneu esquerdo do trem de pouso principal estourou. A estrutura danificada do trem de pouso cedeu, e as 45.000 libras do caça caíram no chão, como os pratos de uma mesa desabando. O combustível que estava vazando entrou em ignição, e um pequeno, mas mortal incêndio envolveu a aeronave. Um instante depois a munição de 20 mm do canhão do caça começou a explodir, e um dos dois tripulantes estava gritando em meio às chamas.
Os bombeiros se aproximaram lançando uma cortina de água. Os dois oficiais "observadores" eram os que estavam mais próximos, e correram em direção às chamas para tirar o piloto de lá. Todos os três foram atingidos pela chuva de estilhaços da munição que explodia, enquanto um bombeiro abriu caminho entre as chamas até o segundo tripulante e o resgatou, chamuscado, mas vivo. Os outros bombeiros recolheram os observadores e o piloto e colocaram os seus corpos ensanguentados em uma ambulância.
O fogo nas proximidades distraiu o pessoal de munição debaixo dos Skyhawks. Uma das bombas, a que estava no avião número três, soltou-se subitamente, esmagando as pernas do supervisor da equipe contra o guincho. Na terrível confusão daquele momento, a equipe perdeu o controle do que estava sendo feito. O homem ferido foi enviado às pressas para o hospital da base, enquanto as três armas nucleares desinstaladas foram transportadas em carrinhos de volta ao bunker de estocagem. No caos de uma base aérea no primeiro dia de uma guerra, de alguma maneira o berço vazio de um dos carrinhos passou despercebido. Os sargentos responsáveis pelos aviões no pátio chegaram um momento depois para iniciar as checagens abreviadas de pré-voo, enquanto um jipe chegou, vindo do barracão de prontidão. Quatro pilotos saltaram, cada um com o capacete em uma das mãos e um mapa tático na outra, cada um furiosamente ansioso para vergastar os inimigos do seu país.
"Que porra é essa?" falou o tenente Mordechai Zadin, de dezoito anos. Chamado de Motti pelos seus amigos, ele tinha a atitude desengonçada típica da sua idade. "Parece ser um tanque de combustível", respondeu o sargento. Ele era um reservista e tinha uma oficina em Haifa. Um homem simpático e competente de cinquenta anos. "Merda" respondeu o piloto, trêmulo de excitação. "Eu não preciso de combustível extra para ir e voltar ao Golan!"
"Eu posso remover, mas vou precisar de alguns minutos". Motti ponderou sobre isso por um momento. Sabra de um kibbutz ao norte, piloto há apenas cinco meses, ele viu o resto dos seus camaradas afivelando os cintos de segurança nas suas aeronaves. Os sírios estavam atacando na direção da casa de seus pais, e ele sentiu um súbito horror de ficar para trás em sua primeira missão de combate. "Foda-se! Você pode tirar isso quando eu voltar." Zadin subiu a escada como um raio. O sargento o seguiu, ajustando o cinto de segurança e checando os instrumentos por cima do ombro do piloto. "Ele está pronto Motti! Tenha cuidado."
"Prepare um pouco de chá para mim quando eu voltar." O jovem sorriu, exibindo toda a ferocidade que uma criança como essa consegue demonstrar. O sargento deu um tapa no seu capacete. "Apenas traga meu avião de volta para mim menchkin, Mazeltov". O sargento desceu para o concreto e removeu a escada. Em seguida ele fez uma última inspeção visual em busca de qualquer coisa errada, enquanto Motti dava partida no motor. Zadin testou os controles de voo e reduziu a potência do motor para o mínimo, checando os indicadores de combustível e temperatura do motor. Tudo estava como devia ser. Ele olhou para o líder da esquadrilha e sinalizou que estava pronto. Motti puxou para baixo a capota manual, deu uma última olhada para o sargento e prestou a sua continência de despedida.
Aos dezoito, Zadin não era um piloto particularmente jovem pelos padrões da IAF. Selecionado por sua velocidade de reação e agressividade juvenis, ele foi identificado como um potencial piloto quatro anos antes, e lutou muito por esta vaga na melhor força aérea do mundo. Motti adorava voar. Queria voar desde que, ainda garoto, viu um avião de treinamento 61-109 que, por ironia do destino, foi dado a Israel para que começasse a sua força aérea. E ele amava o seu Skyhawk. Era uma aeronave para pilotos. Não um monstro eletrônico como o Phantom. O A4 era uma ave de rapina pequena e ágil, que reagia a cada pequeno toque da sua mão no stick. E agora ele ia voar em uma missão de combate. Ele era completamente destemido. Nunca lhe ocorreu temer pela sua vida - como qualquer adolescente ele tinha certeza da sua imortalidade, e pilotos de combate são selecionados por causa da sua falta de fraquezas humanas. Ainda assim aquele dia foi marcante para ele. Ele nunca tinha visto um nascer do sol tão bonito. Ele se sentia sobrenaturalmente alerta, consciente de tudo: o café forte da manhã, o cheiro de poeira no ar matinal em Beersheba, e agora os muitos aromas de óleo e couro na cabine, a estática nos circuitos de rádio, e o formigamento em sua mão no stick. Ele nunca tinha visto um dia assim, e nunca ocorreu a Motti Zadin que o destino não lhe permitiria ter outro.
A formação de quatro aviões taxiou em perfeita ordem até o final da pista zero-um. Parecia bom presságio decolar diretamente para o norte, na direção do inimigo a apenas quinze minutos dali. Ao comando do líder da esquadrilha - ele mesmo com apenas vinte e um - todos os quatro pilotos empurraram os seus manetes até o máximo, soltaram os freios e aceleraram em frente no calmo e frio ar da manhã. Em segundos todos estavam no ar e subindo para cinco mil pés, evitando cuidadosamente o tráfego aéreo civil do aeroporto internacional Ben Gurion que, no modo louco da vida no oriente médio, ainda estava totalmente operacional.
O capitão deu a sua série usual de comandos breves e secos, exatamente como em um voo de treinamento: recolher flaps, checar motor, armamento, sistemas elétricos. Atenção para MiGs e aeronaves amigas. Certifiquem-se de que seus IFF estejam transmitindo corretamente. Os quinze minutos de voo de Beersheba ao Golan passaram rapidamente. Zadin apertou os olhos para ver a escarpa vulcânica onde seu irmão mais velho havia morrido, na conquista dela dos sírios apenas seis anos antes. Os sírios não vão tomá-la de volta, disse Motti para si mesmo.
"Esquadrilha: virar à direita no curso zero-quatro-três. Alvos são colunas de tanques, quatro quilômetros a leste da linha. Atenção. Cuidado com SAMs e fogo de terra."
"Líder, quatro: tenho tanques no solo em um", Zadin reportou calmamente. "Parecem com os nossos Centurions."
"Bons olhos, quatro" respondeu o capitão. "São amigos".
"Recebi um sinal, recebi um aviso de lançamento de míssil" alguém disse. Olhos percorreram o céu em busca do perigo.
"MERDA!" disse uma voz excitada. SAMs vindo baixo em doze e subindo!"
"Estou vendo. Esquadrilha, esquerda e direita, separar AGORA!" comandou o capitão.
Os quatro Skyhawks se dispersaram em elementos. Havia uma dúzia de mísseis SA 2 a vários quilômetros de distância, parecendo postes telefônicos voadores, vindo para cima deles a Mach-3. Os SAMs também se separaram para a esquerda e para a direita, mas deforma desajeitada, e dois deles colidiram no ar e explodiram. Motti rolou para a direita e puxou o stick contra sua barriga, mergulhando em direção ao solo e xingando o peso extra na asa. Bom, os misseis não conseguiam mais rastreá-lo. Ele nivelou a apenas cem pés acima das rochas, ainda indo na direção dos sírios a quatrocentos nós, fazendo o ar trepidar enquanto passava rugindo sobre os soldados sitiados da Barak, que o aplaudiram.
Motti já sabia que, como ataque coerente, a missão era um fracasso. Não importava. Ele iria pegar alguns tanques sírios. Ele não precisava saber exatamente quais, desde que fossem sírios. Ele viu outro A-4 e entrou em formação, bem quando ele começou a sua passagem de bombardeio. Ele olhou para a frente e os viu, o formato em domo dos T-62 sírios. Zadin moveu os interruptores de liberação das armas sem nem precisar olhar. A mira refletiva das armas apareceu em frente aos seus olhos.
"Uh-oh, mais SAMs, subindo do nível do chão". Era a voz do capitão, ainda calma. Motti sentiu o coração palpitar: um enxame de mísseis, menores - será que são os tais de SA-6 do qual nos falaram? Ele ponderou rapidamente - vinham por sobre as rochas em direção a ele. Ele checou o seu equipamento ESM, que não havia detectado o ataque dos mísseis. Ele não teve nenhum aviso além daquilo que seus olhos lhe mostravam. Instintivamente Motti buscou por altitude para poder manobrar. Quatro mísseis foram atrás dele, a três quilômetros de distância. Ele rolou rapidamente para a direita, depois espiralou para baixo e virou novamente à esquerda. Isso despistou três deles, mas o quarto o seguiu na descida. Um instante depois ele explodiu a apenas trinta metros da sua aeronave.
O Skyhawk pareceu que foi chutado para o lado uns dez metros ou mais. Motti lutou com o stick, conseguindo nivelar logo acima das rochas. Deu uma rápida olhada e gelou. Seções inteiras da sua asa de bombordo estavam estraçalhadas. Sinais de alerta nos seus fones e nos instrumentos de voo reportavam múltiplos desastres: pressão hidráulica chegando em zero, rádio fora de ação, gerador fora de ação. Mas ele ainda tinha o controle manual do voo, e suas armas podiam disparar usando a energia da bateria de reserva. Neste momento ele viu os seus algozes: uma bateria de mísseis SA-6 com quatro veículos de lançamento, um furgão de radar Straight Flush, e um caminhão pesado cheio de mísseis para recarga, tudo isso a quatro quilômetros de distância. Seus olhos de águia podiam ver os sírios se esforçando com os mísseis e carregando um deles em um trilho de lançamento. Eles também o viram, e então começou um duelo que não foi menos épico por causa da sua brevidade.
Motti desceu tão baixo quanto podia se arriscar com o seu stick trepidando, e cuidadosamente centrou o alvo na sua mira refletiva. Ele tinha quarenta e oito foguetes Zuni, que disparavam em salvas de quatro. A dois quilômetros ele abriu fogo na área do alvo. A equipe dos mísseis sírios conseguiu, de algum jeito, lançar outro SAM. Não deveria haver escapatória, mas o SA-6 tinha um radar de acionamento por proximidade e os Zunis ao passar o acionaram, explodindo o SAM inofensivamente a meio quilômetro de distância. Motti sorriu selvagemente por baixo da sua máscara, enquanto disparava foguetes e o canhão de vinte milímetros sobre aquela massa de homens e veículos.
A terceira salva acertou, depois mais quatro, enquanto Zadin ajustava o curso para lançar seus foguetes sobre toda a área do alvo. A bateria de mísseis se transformou em um inferno de óleo diesel, propelente de foguetes e ogivas explodindo. Uma imensa bola de fogo ergueu-se no seu caminho, e Motti passou através dela com um grito feroz de alegria, seus inimigos obliterados, seus camaradas vingados.
O triunfo de Zadin durou apenas um momento. Grandes folhas do alumínio que cobria a sua asa esquerda foram arrancadas pelo fluxo de ar a quatrocentos nós. O A-4 começou a balançar violentamente. Quando Motti virou à esquerda para voltar para casa a asa colapsou completamente e o Skyhawk se desintegrou em pleno ar. Demorou apenas alguns segundos para que o guerreiro adolescente fosse esmagado contra as rochas basálticas das colinas de Golan, nem o primeiro nem o último a morrer por lá. Ninguém dos quatro da sua esquadrilha sobreviveu.
Da bateria SAM não sobrou quase nada. Todos os seis veículos foram reduzidos a fragmentos. Dos noventa homens que a guarneciam o maior pedaço recuperado foi o torso sem cabeça do comandante da bateria. Tanto ele quanto Zadin serviram bem aos seus países, mas, como frequentemente acontece, ações que em outro tempo e lugar poderiam ter inspirado versos heroicos de um Virgílio ou um Tennyson passaram despercebidos e desconhecidos. Três dias depois a mãe de Zadin recebeu a notícia por telegrama, descobrindo, novamente, que toda Israel compartilhava o seu luto, como se isso fosse possível para uma mulher que havia perdido dois filhos.
Mas a persistente nota de rodapé deste pequeno pedaço de história nunca contado foi que a bomba desarmada se soltou do avião em desintegração e prosseguiu ainda mais para a direção leste, caindo longe dos destroços do caça-bombardeiro e ficando enterrada a alguns metros da casa de um lavrador druso. Somente três dias depois os israelenses descobriram que a sua bomba estava perdida, e apenas depois que a guerra de outubro terminou eles foram capazes de reconstruir a cadeia de eventos da perda. Isso deixou os israelenses com um problema insolúvel, até mesmo para suas férteis imaginações. A bomba estava em algum lugar atrás das linhas sírias - mas onde? Qual dos quatro aviões a estava carregando? Onde ela caiu? Dificilmente eles poderiam pedir aos sírios que procurassem por ela. E eles poderiam contar isso aos americanos, de quem o "material nuclear especial" tinha sido obtido de forma hábil e negável?
E assim a bomba permaneceu incógnita, exceto para o lavrador druso, que simplesmente a enterrou sob dois metros de terra e continuou a cultivar o seu terreno pedregoso.
More
Less
Experience
Years of experience: 1. Registered at ProZ.com: Jun 2023.
Stay up to date on what is happening in the language industry
Network with other language professionals
Learn more about the business side of freelancing
Improve my productivity
Bio
I have a BS in electrical engineering and worked for 35 years in IT (mainframe computers, computer networks, network management and information security) and IP-based telecommunications networks and services (core, transport/backhaul and last mile).
Always had to read lots of english-written technical literature (and many non-technical stuff too). Now that I'm retired I've decided to try my hand on the translation business.
My chief interests are in ICT, science and technology in general, but I feel comfortable dealing with any engineering, math or physics texts.
Can I tacle other subjects? Well, I'd say most of them, But I'll have to think first before accepting any of those tasks.