Jun 12, 2012 18:50
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Deixai a vida aos crentes mais antigos/Que a Cristo e a sua cruz
Multiplelanguages to Portuguese
Art/Literary
Poetry & Literature
Versos de R. Reis (F. Pessoa)
Olá:
Tenho uma dúvida com a penúltima estrofe deste poema de Ricardo Reis:
Vós que, crentes em Cristos e Marias
Turvais da minha fonte as claras águas
Só para me dizerdes
Que há águas de outra espécie
Banhando prados com melhores horas,—
Dessas outras regiões pra que falar-me
Se estas águas e prados
São de aqui e me agradam?
Esta realidade os deuses deram
E para bem real a deram externa.
Que serão os meus sonhos
Mais que a obra dos deuses?
Deixai-me a Realidade do momento
E os meus deuses tranquilos e imediatos
Que não moram no vago
Mas nos campos e rios.
Deixai-me a vida ir-se pagãmente
Acompanhada plas avenas ténues
Com que os juncos das margens
Se confessam de Pã.
Vivei nos vossos sonhos e deixai-me
O altar imortal onde é meu culto
E a visível presença
Dos meus próximos deuses.
Inúteis procos do melhor que a vida,
Deixai a vida aos crentes mais antigos
Que a Cristo e a sua cruz
E Maria chorando.
Ceres, dona dos campos, me console
E Apolo e Vénus, e Urano antigo
E os trovões, com o interesse
De irem da mão de Jove.
É a penúltima estrofe, no trecho "mais antigos/que a Cristo...". Não consigo perceber essa parte com certa exactidão. Eu pensei nestas possibilidades:
- deixai a vida aos crentes mais antigos (antes) que a Cristo...?
- deixai a vida aos crentes mais antigos que (os crentes) a Cristo...?
- deixai a vida aos crentes mais antigos que o Cristo...? (se houver erro no "a").
Não sei se diz "crente a" (achei algumas entradas no Google) ou se o normal é dizer mesmo mais "crente em", ou ainda se é uma outra fórmula misteriosa para mim ou quem sabe erro de interpretação dos editores do poema (Pessoa escrevia a mão).
Mas qualquer explicação é bem-vinda!!!
(É para uma "aula" poética de português;)
Obrigado pelo seu tempo.
Tenho uma dúvida com a penúltima estrofe deste poema de Ricardo Reis:
Vós que, crentes em Cristos e Marias
Turvais da minha fonte as claras águas
Só para me dizerdes
Que há águas de outra espécie
Banhando prados com melhores horas,—
Dessas outras regiões pra que falar-me
Se estas águas e prados
São de aqui e me agradam?
Esta realidade os deuses deram
E para bem real a deram externa.
Que serão os meus sonhos
Mais que a obra dos deuses?
Deixai-me a Realidade do momento
E os meus deuses tranquilos e imediatos
Que não moram no vago
Mas nos campos e rios.
Deixai-me a vida ir-se pagãmente
Acompanhada plas avenas ténues
Com que os juncos das margens
Se confessam de Pã.
Vivei nos vossos sonhos e deixai-me
O altar imortal onde é meu culto
E a visível presença
Dos meus próximos deuses.
Inúteis procos do melhor que a vida,
Deixai a vida aos crentes mais antigos
Que a Cristo e a sua cruz
E Maria chorando.
Ceres, dona dos campos, me console
E Apolo e Vénus, e Urano antigo
E os trovões, com o interesse
De irem da mão de Jove.
É a penúltima estrofe, no trecho "mais antigos/que a Cristo...". Não consigo perceber essa parte com certa exactidão. Eu pensei nestas possibilidades:
- deixai a vida aos crentes mais antigos (antes) que a Cristo...?
- deixai a vida aos crentes mais antigos que (os crentes) a Cristo...?
- deixai a vida aos crentes mais antigos que o Cristo...? (se houver erro no "a").
Não sei se diz "crente a" (achei algumas entradas no Google) ou se o normal é dizer mesmo mais "crente em", ou ainda se é uma outra fórmula misteriosa para mim ou quem sabe erro de interpretação dos editores do poema (Pessoa escrevia a mão).
Mas qualquer explicação é bem-vinda!!!
(É para uma "aula" poética de português;)
Obrigado pelo seu tempo.